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Desafios no trânsito pela América Central e pelo México incluem lesões durante a travessia da selva de Darién

Cubanos e africanos impulsionam recorde de migrantes na selva de Darién

© Unhcr/Ilaria Rapido Ragozzino
Desafios no trânsito pela América Central e pelo México incluem lesões durante a travessia da selva de Darién

Cubanos e africanos impulsionam recorde de migrantes na selva de Darién

Migrantes e refugiados

Número de pessoas vindas da Colômbia mais do que triplicou entre agosto e setembro; Venezuela, Equador e Haiti são pontos de origem de grande parte de viajantes; OIM pede mais ajuda humanitária, em especial para mulheres e crianças.

 

A Organização Internacional para as Migrações, OIM, alertou para o número sem precedentes de migrantes em situação de fragilidade em trânsito pela América Central e pelo México. 

O pedido feito aos governos dessas regiões é que colaborem na resposta às necessidades humanitárias imediatas das pessoas em movimento.

Rotas aéreas para chegar à América Central

A agência quer uma atuação em soluções em longo prazo para resolver as questões que impulsionam um número crescente de pessoas a fazer o tipo de viagem. 

Atualmente mais migrantes cubanos e provenientes de países africanos optam pelas rotas aéreas para chegar à América Central, tendo a mata de Darién como via de acesso para o norte. 

Motivações para a travessia perigosa vão desde fatores econômicos e sociais, até desafios ambientais e políticos
OIM/Gema Cortes
Motivações para a travessia perigosa vão desde fatores econômicos e sociais, até desafios ambientais e políticos

 

Até julho, cerca de 4,1 mil africanos cruzaram a via, numa diminuição de 65% em relação ao mesmo período de 2022. Mas nas Honduras, a alta foi de 553% em chegadas do continente africano para 19.412 pessoas, através da sua fronteira sul.

No período, foram deportados 524 cubanos de Darién, em contraste com os 17.157 registrados em terras hondurenhas. 

Roubos, violência e abuso sexual

Os desafios no trânsito pela América Central e pelo México incluem lesões durante a travessia da selva de Darién. As vítimas podem ser abandonadas em encostas lamacentas, arrastadas pelas bruscas inundações dos rios ou ainda sofrer roubos, violência e abuso sexual.

Para a diretora regional da OIM para a América Central, América do Norte e o Caribe, Michele Klein Solomon, a situação realça que é preciso um envolvimento coletivo imediato dos governos em países de origem, trânsito e destino. A meta é melhorar a oferta de ajuda humanitária, especialmente para mulheres e crianças.

Autoridades do Panamá registraram um recorde de migrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién vindos da Colômbia
OIM/Gema Cortes
Autoridades do Panamá registraram um recorde de migrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién vindos da Colômbia

 

No Panamá, as autoridades registraram um recorde de migrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién vindos da Colômbia este ano. Até sábado, mais de 390 mil pessoas, a maioria de Venezuela, Equador e Haiti, tinham feito o trajeto num mês, após os 82 mil de agosto. O valor mensal foi o mais alto já registado. 

Os migrantes menos favorecidos financeiramente passam fome, dormem nas ruas e são forçados a mendigar. Eles podem enfrentar problemas de saúde como diarreia e desidratação.

Campanhas de comunicação contra notícias falsas

A OIM acompanha esses movimentos, fornece dados e apoio essencial, além de apoiar operações de regresso voluntário com infraestrutura e abrigos. Campanhas de comunicação visam combater notícias falsas e alertam sobre os perigos associados à migração irregular.

As motivações para a travessia perigosa vão desde fatores econômicos e sociais, até desafios ambientais e políticos. Essas situações são agravadas por efeitos da pandemia, eventos climáticos extremos e agitação política nos países de origem. 

A agência prevê que a ocorrência do fenômeno climático El Niño possa agravar ainda mais estas condições nos países, estimulando mais pessoas a tomarem a decisão de se mudarem para o exterior.

Migrantes podem enfrentar problemas de saúde
© Unicef/William Urdaneta/año