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Campanha global luta pelo direito de meninas afegãs à educação

Meninas estudam em uma escola em Mazar-i-Sharīf, província de Balkh, Afeganistão
Unicef/Mark Naftalin
Meninas estudam em uma escola em Mazar-i-Sharīf, província de Balkh, Afeganistão

Campanha global luta pelo direito de meninas afegãs à educação

Mulheres

Iniciativa do Educação Não Pode Esperar reúne depoimentos e ilustrações revelando desespero e resiliência das jovens impedidas de estudar; ação conjunta nas redes sociais pretende elevar a voz do grupo no cenário internacional para gerar mudanças. 

Começa nesta terça-feira a campanha “Vozes das Meninas Afegãs”, concebida para apoiar esse grupo que se encontra excluído do direito básico à educação e ao aprendizado.

Em 18 de setembro de 2021, a autoridade Talibã de facto no Afeganistão proibiu alunas de frequentar escolas e universidades. 

Campanha global luta pelo direito de meninas afegãs à educação

Banimento que bloqueia os sonhos

A campanha foi desenvolvida pelo Educação Não Pode Esperar, um fundo global das Nações Unidas que apoia a educação em emergências e crises. O objetivo é trazer visibilidade para testemunhos de jovens afegãs subitamente afetadas pelo banimento, que as impede de “seguir sua educação e seus sonhos.”

A campanha foi desenvolvida em colaboração com ex-capitã do Time de Robótica de Garotas Afegãs, Somaya Faruqi. Segundo ela, “a situação está afetando imensamente a saúde mental das meninas e as taxas de suicídio aumentaram nos últimos dois anos.” 

Faruqi afirma que “é mais urgente do que nunca agir agora”. Ela diz esperar que muita coisa “mude para melhor em um ano”, caso haja uma ação conjunta “em solidariedade com todas as meninas afegãs”.

O enviado especial da ONU para a Educação Global e presidente do alto conselho do Educação Não Pode Esperar, Gordon Brown, disse que “as estruturas legais internacionais ​​devem ser usadas para buscar ações legais e responsabilização dos autores ​​dessa exclusão de mulheres e meninas da educação secundária e terciária.”

As mulheres esperam em um hospital de saúde materna, o único desse tipo no Afeganistão
Unicef/Shehzad Noorani
As mulheres esperam em um hospital de saúde materna, o único desse tipo no Afeganistão

Desespero e resiliência

Segundo ele, a comunidade internacional deve expandir imediatamente o apoio a cursos on-line e de rádio, bem como aumentar os recursos de financiamento para “intensificar a oferta de oportunidades educacionais para meninas afegãs dentro e fora do país”. 

Os depoimentos reunidos na campanha são acompanhados de ilustrações produzidas por uma jovem artista afegã. Os materiais audiovisuais retratam tanto “o desespero experimentado por essas meninas e jovens afegãs quanto sua incrível resiliência e força diante dessa proibição inaceitável de sua educação.”

A proposta é que esses conteúdos sejam postados nas redes sociais diariamente, entre 15 de agosto e 18 de setembro. As datas correspondem, respectivamente, aos momentos em que o regime Talibã tomou o poder no Afeganistão e em que o banimento de estudantes das escolas e universidades foi oficializado.

Com isso, espera-se que as vozes das meninas afegãs se façam presentes no cenário global, enquanto os líderes mundiais se reúnem na Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, de 18 a 19 de setembro na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.