Conflitos, desastres e deslocamentos forçam 78 milhões de alunos a sair da escola
Alerta foi feito pelo secretário-geral da ONU na Conferência de Alto Nível para Financiamento da iniciativa “Education Cannot Wait” ou a Educação Não Pode Esperar; objetivo é conseguir US$ 1,5 bilhão para os próximos quatro anos.
Um número impressionante de 78 milhões de meninas e meninos em todo o mundo hoje “não vão à escola” por causa de conflitos, desastres climáticos e deslocamentos. Outras dezenas de milhões a mais não recebem aulas com regularidade.
Foi o que disse o secretário-geral da ONU, nesta quinta-feira, durante uma conferência de alto nível, para pedir mais financiamento para a iniciativa Education Cannot Wait ou a Educação Não Pode Esperar.
Educação, um direito fundamental
Em mensagem de vídeo, António Guterres disse que a educação não pode ser negada a ninguém. O evento, em Genebra, na Suíça, pede apoio para o ensino nas situações de emergência.
O chefe das Nações Unidas lembrou que, graças ao esforço da iniciativa, 7 milhões de crianças em situações de crise receberam “a educação que merecem”, desde que foi fundada em 2017. Mas, segundo ele, as necessidades continuam se multiplicando com um crescente número de emergências que forçam as crianças para fora da escola.
Para Guterres, “a educação é o melhor investimento que podemos fazer para um futuro mais pacífico e sustentável”.
Financiamento para os próximos quatro anos
Em todo o mundo, 222 milhões de crianças e adolescentes são afetados pelos horrores da guerra, desastres e deslocamentos.
O aumento de conflitos, as mudanças climáticas e as consequências da Covid-19 estão exercendo pressões incalculáveis sobre economias, sistemas educacionais e assistência internacional.
O objetivo do fundo global Education Cannot Wait é conseguir pelo menos US$ 1,5 bilhão para cumprir seu Plano Estratégico 2023-2026.
O evento é organizado com a colaboração dos governos da Colômbia, Alemanha, Níger, Noruega, Sudão do Sul e Suíça.
O caso do Afeganistão
A vice-secretária-geral da ONU Amina Mohammed, que visitou o Afeganistão há algumas semanas, também enviou um vídeo ao evento.
Ela lembrou que por mais de 500 dias, as autoridades do Talibã no Afeganistão vêm negando às meninas do ensino médio seus direitos básicos à educação.
Para Mohammed, isso deve acabar imediatamente. E por esta razão a comunidade internacional deve continuar unida em sua urgência de atender às necessidades educacionais e aos direitos das meninas afegãs.
Malala lembrou quando estava fora da escola
Em outra mensagem de vídeo, a ativista paquistanesa e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, disse se lembrar da época em que não podia ir à escola por causa de uma proibição semelhante.
Ela contou que quanto mais tempo sem estudar, mais preocupada ficava porque sabia que seria esquecida, e disse que “é exatamente isso que está acontecendo no Afeganistão”.
Malala fez um apelo para que “não aceitem as desculpas ou justificativas dadas pelos talibãs”. E disse que “é hora dos líderes mundiais se unirem, para se tornarem uma só voz para as mulheres e meninas afegãs”.
No dia da abertura do evento, nesta quinta-feira, 18 países e parceiros privados prometeram US$ 826 milhões para o fundo global.