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ONU corre contra o tempo para evitar tragédia ambiental no Mar Vermelho

Um milhão de barris de petróleo deve ser bombeado do FSO Safer na costa do Iêmen
Pnud
Um milhão de barris de petróleo deve ser bombeado do FSO Safer na costa do Iêmen

ONU corre contra o tempo para evitar tragédia ambiental no Mar Vermelho

Clima e Meio Ambiente

Remoção de 1 milhão de barris de petróleo do navio-tanque FSO Safer começou nesta terça-feira na costa do Iêmen; Nações Unidas lideram a iniciativa; ecossistemas, populações e meios de subsistência estão sob ameaça; operação é resultado de dois anos de intermediação política.

 

As Nações Unidas iniciaram, nesta terça-feira, uma operação para desarmar aquilo que pode ser “a maior bomba relógio do mundo”. 

A expressão foi usada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para descrever um resgate marítimo que está em curso perto da costa do Iêmen, no Mar Vermelho. 

Ameaça para 30 milhões de pessoas

O objetivo é transferir 1,14 milhão de barris de petróleo do navio superpetroleiro abandonado FSO Safer para uma embarcação chamada Náutica, que foi rebatizada de Iêmen. A transferência de navio a navio deve levar 19 dias. 

Segundo Guterres, a ação iniciada pelas Nações Unidas é essencial para impedir uma catástrofe ambiental e humanitária “colossal”. Ele afirmou que a explosão ou danificação do FSO Safer significaria “o pior derramamento de óleo da nossa era”. 

Como consequência, “milhares de pescadores perderiam o sustento e comunidades inteiras seriam expostas a toxinas mortais”. 

Além disso, portos seriam fechados, prejudicando o abastecimento de comida e outros suprimentos essenciais para os 30 milhões de habitantes da região e o ecossistema do Mar Vermelho seria destruído.

O decadente FSO Safer está ancorado na costa do Iêmen, no Mar Vermelho
Pnud/Andrew Hein
O decadente FSO Safer está ancorado na costa do Iêmen, no Mar Vermelho

Operação de alto risco

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, o FSO Safer é um cargueiro de 47 anos. Devido ao conflito no Iêmen, ele está, há mais de sete anos, sem manutenção. A integridade estrutural do navio foi comprometida e se deteriora rapidamente.

A agência afirma que a embarcação pode ser atingida por uma mina flutuante, explodir espontaneamente ou rachar a qualquer momento. 

Segundo Guterres, a ONU assumiu essa “operação delicada” de alto risco e montou uma força-tarefa com “os maiores especialistas em leis marítimas, vazamentos de óleo e operações de resgate”. Participam também engenheiros e arquitetos navais, químicos, dentre outros profissionais especializados.   

O líder das Nações Unidas afirmou que a missão é fruto de quase dois anos de “captação de recursos e desenvolvimento de projeto”. Segundo ele, a iniciativa exigiu um trabalho de negociação política “incansável” em um país arrasado por oito anos de guerra.

Próximos passos

Para o chefe da ONU, a operação em curso é “uma história de cooperação, intermediação política, engenhosidade e gestão ambiental”, que demonstra mais uma vez o “papel indispensável da ONU e parceiros”. 

Guterres afirmou que os próximos passos críticos são garantir a segurança da embarcação que está recebendo a transferência de petróleo e fazer a limpeza e demolição final do FSO Safer, de modo a eliminar qualquer ameaça ambiental remanescente. 

O chefe da ONU disse que ainda será preciso captar US$ 20 milhões em doações para concluir o projeto.