Perspectiva Global Reportagens Humanas

Vice-chefe da ONU diz ao Conselho de Segurança para avaliar envio de força especializada ao Haiti

Porto Príncipe, capital do Haiti. País vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária
Pnud Haiti/Borja Lopetegui Gonzalez
Porto Príncipe, capital do Haiti. País vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária

Vice-chefe da ONU diz ao Conselho de Segurança para avaliar envio de força especializada ao Haiti

Paz e segurança

País caribenho sofre com violência de gangues e insegurança alimentar grave; Amina Mohammed disse que os países capacitados devem considerar pedido do Haiti para ajudar a Polícia Nacional

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, falou ao Conselho de Segurança, nesta quarta-feira, sobre a situação no Haiti.

O país vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária. Além do ressurgimento do cólera, a insegurança alimentar aumentou em níveis altíssimos. Cerca de 155 mil haitianos estão deslocados e as crianças não podem ir à escola porque as aulas foram interrompidas.

Amina Mohammed disse que os países capacitados devem considerar pedido do Haiti para ajudar a Polícia Nacional
ONU/Loey Felipe
Amina Mohammed disse que os países capacitados devem considerar pedido do Haiti para ajudar a Polícia Nacional

Crise profunda de violência, saúde e fome

Amina Mohammed afirma que o Haiti continua sendo uma prioridade para as Nações Unidas. Ela destaca que o país chega ao fim deste ano numa crise, cada vez mais profunda, bem diferente da situação que viu quando visitou a ilha em fevereiro.

Segundo ela, a insegurança atingiu níveis sem precedentes e os abusos dos direitos humanos foram generalizados. As atividades de gangues armadas aumentaram com assassinatos e estupros coletivos para aterrorizar e subjugar comunidades.

Mohammed chamou a atenção para dois aspectos da crise: primeiro, a capital Porto Príncipe e outras regiões que vivem a pior emergência humanitária e de direitos humanos em décadas, o que impede qualquer oportunidade de desenvolvimento sustentável.

Ela lembrou que as comunidades vulneráveis são as que mais sofrem. Cerca de 90% dos casos de cólera ocorrem em áreas que já registram altas taxas de desnutrição aguda grave.

Amina Mohammed disse que os países capacitados devem considerar pedido do Haiti para ajudar a Polícia Nacional
ONU/Loey Felipe
Amina Mohammed disse que os países capacitados devem considerar pedido do Haiti para ajudar a Polícia Nacional

Violência sexual

A vice-secretária-geral condenou os diversos relatos de violência sexual por gangues armadas, que constam no relatório divulgado há dois meses.

Mohammed lembrou que as Nações Unidas continuarão a dar voz às mulheres e meninas que vivem em comunidades, controladas por gangues, e pedir justiça e responsabilidade para os perpetradores desses crimes hediondos.

O segundo aspecto está relacionado à necessidade urgente de apoio e solidariedade internacional. Ela diz que é preciso mais ajuda da comunidade internacional e dos Estados-membros. E que é hora de intensificar e transformar a crise atual em uma oportunidade para o Haiti se recuperar mais forte.

Pessoas que sofrem de cólera recebem tratamento em um hospital em Porto Príncipe, no Haiti
© Unicef/Odelyn Joseph
Pessoas que sofrem de cólera recebem tratamento em um hospital em Porto Príncipe, no Haiti

Forças especializadas

Amina Mohammed apelou a todos os países com capacidade para considerar urgentemente o pedido do governo haitiano de uma força armada especializada internacional para ajudar a restaurar a segurança e aliviar a crise humanitária.

Segundo ela, o apelo do secretário-geral por apoio internacional à Polícia Nacional do Haiti, conforme expresso em sua carta de 8 de outubro.

A vice-secretária-geral da ONU acredita que há uma necessidade urgente de responder às demandas mais imediatas. Mas que o Haiti também precisará de apoio internacional para enfrentar as causas estruturais desta crise e quebrar os ciclos que há tanto tempo dificultam seu desenvolvimento.

Para ela, o desenvolvimento inclusivo e sustentável é essencial por si só, e é também a melhor ferramenta de prevenção de crises da humanidade.