Autonomia de pequenos produtores para reduzir insegurança alimentar na América Latina e Caribe
Diretora regional do Programa Mundial de Alimentos, Lola Castro, falou à ONU News sobre resultados de estudo divulgado em conjunto com Cepal e FAO; ela alerta para impactos da situação global de fertilizantes e mudança climática.
Crises globais lançaram 56 milhões de pessoas na América Latina e Caribe na insegurança alimentar severa. O número equivale a 8,6% da população da região. Uma situação que dificulta que se alcance o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, para o fim da fome, em muitos países.
A representante do Programa Mundial de Alimentos na região, Lola Castro, falou à ONU News sobre o último levantamento, em parceria com a Comissão Econômica para a região, Cepal, e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO.
Investimento nos mais vulneráveis
“Estamos a ver um aumento [da insegurança alimentar], não estamos a avançar bem nesta situação. Mas é uma região com muitas oportunidades e onde arranjar o que verdadeiramente produz alimentos para mais de 1,3 bilhão de pessoas, que tem muitas oportunidades.”
Segundo Lola Castro, para reverter a tendência de agravamento da fome nos países latino-americanos e caribenhos, é necessário investir nos mais vulneráveis por meio de transferência sociais, alimentação escolar e na agricultura, especialmente nos pequenos produtores.
“Temos que apoiar com fertilizantes, com créditos, com seguros, para que consigam avançar e continuem a produzir e não caiam nas cadeias de valor de produção. Uma região que efetivamente é muito produtiva, com grandes zonas agrícolas e também na produção de pesca e outras que devemos aproveitar e aumentar para conseguir a auto sustentabilidade”
A diretora regional do PMA destacou o papel das mulheres na produção de alimentos em muitos países da América Latina e Caribe. Assim, ela defende que os governos e agências internacionais consigam dar apoio a elas, que muitas vezes não possuem conta bancária e acesso a crédito.
Guerra na Ucrânia
Sobre os efeitos da guerra na Ucrânia, a chefe do PMA na América Latina e Caribe avalia que os países que mais sofrem são aqueles que dependem de importações de cereais e óleos.
Ela destaca ainda os impactos em nações insulares, que dependem de produtos importados via transporte marítimo e tiveram um aumento no preço do frete.
“Também podemos dizer que a região está em geral afetada pela falta de fertilizantes, porque importamos 78% dos fertilizantes que consumimos na América Latina e Caribe e, nesse sentido, toda a região afetada por altos custos e também a falta inicial de fertilizantes que provocou toda a crise da Ucrânia”
Brasil: grande produtor de cereais
Lola Castro ressaltou o papel do Brasil como um dos maiores produtores de grãos e cereais, especialmente de soja e outros alimentos essenciais para a região e para o mundo.
No entanto, ela lembra que o país também foi afetado com a escassez de fertilizantes, que deve seguir elevando os preços.
A diretora regional do PMA ressaltou o efeito da mudança climática no país. Com seca extremas em algumas localidades e cheias em outras, Lola Castro diz que é esperada uma queda na produção de cereais, especialmente em milho, em até 5%.