ONU precisa de US$ 51 milhões para seguir com apoio humanitário em Moçambique
Programa Mundial de Alimentos pode suspender ajuda a mais de 1 milhão de pessoas que sofrem com a fome no norte do país; violência e falta de acesso dificultam trabalho humanitário; deslocamento quadruplicou para quase um milhão de pessoas nos últimos dois anos.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alerta que será forçado a suspender sua assistência a 1 milhão de pessoas no pico da temporada de fome em fevereiro a menos que financiamento adicional seja recebido com urgência.
A representante da agência da ONU no país, Antonella D’Aprile, afirmou que serão necessários US$ 51 milhões para continuar prestando assistência e fornecer serviços necessários.
Mais de um milhão de pessoas em emergência
De acordo com Antonella D’Aprile, Cabo Delgado, no norte, é a província com maior insegurança alimentar em Moçambique, com uma situação que segue se agravando. Quase 1,15 milhão de pessoas na província estão sofrendo com a crise ou em emergência alimentar.
Falando a jornalistas nesta sexta-feira na sede da ONU em Genebra, Suíça, ela adiciona que a violência aumentou nos últimos meses, com ataques sem precedentes em distritos próximos da sua capital, Pemba e na província vizinha de Nampula. A situação obriga cada vez mais pessoas a fugir das suas aldeias.
O número de deslocados quadruplicou para quase 1 milhão de pessoas nos últimos dois anos.
Apesar da violência generalizada, o PMA tem prestado assistência de emergência a 1 milhão de deslocados, inclusive em áreas anteriormente inacessíveis, mas teve que cortar as porções nos últimos meses.
O PMA também está trabalhando para aumentar as atividades de construção de resiliência nas comunidades vulneráveis, apoiando 44 mil pessoas na recuperação de terras e produção em Cabo Delgado.
A entidade também está fornecendo suplementos nutricionais para prevenir e tratar a desnutrição entre crianças menores de cinco anos, mulheres grávidas e lactantes.
Acesso humanitário e financiamento
Na maioria das áreas remotas do norte, o Serviço Aéreo Humanitário da ONU é o único serviço disponível para trabalhadores humanitários. Em dezembro de 2020, após a escalada da violência e a pandemia de Covid-19, o PMA abriu uma ponte aérea para acessar regiões inacessíveis no norte.
Desde então, o serviço aéreo transportou mais de 10 mil funcionários humanitários e 70 mil kg de carga humanitária, além de ter realizado mais de 330 realocações de segurança.
Segundo a representante da agência em Moçambique, a situação de financiamento tem sido preocupante há algum tempo, colocando essas atividades estão em risco.
Além dos desafios para financiar suas operações de assistência alimentar, o PMA enfrenta deficiências de financiamento para o Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas, que administra em nome de toda a comunidade humanitária.
Ao mesmo tempo em que apela aos doadores para financiamento urgente, o PMA se esforça para manter a assistência nos grupos mais vulneráveis, como os mais desnutridos, crianças, mulheres grávidas e lactantes. No entanto, para seguir ajudando, o financiamento adicional precisa ser recebido com urgência.