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Ao parabenizar vencedores do Nobel da Paz deste ano, ONU ressalta defesa da democracia

O Centro Nobel da Paz em Oslo, Noruega.
ONU/Anton Uspensky
O Centro Nobel da Paz em Oslo, Noruega.

Ao parabenizar vencedores do Nobel da Paz deste ano, ONU ressalta defesa da democracia

Paz e segurança

Secretário-geral destaca poder da sociedade civil para promover paz, democracia, progresso social e crescimento econômico; prêmio será entregue em 10 de dezembro aos vencedores: Ales Bialiatski, da Belarus, ONG Memorial, da Rússia, e Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia.

As Nações Unidas felicitaram os vencedores deste ano do Prêmio Nobel da Paz: um defensor dos direitos humanos e duas organizações da sociedade civil.

O ativista Ales Bialiatski, da Belarus, a ONG russa Memorial e a ucraniana Centro para Liberdades Civis, receberão o prêmio numa cerimônia em 10 de dezembro, em Oslo, na Noruega. Cada um ganhará um cheque de 10 milhões de coroas suecas o equivalente a mais de US$ 906 mil.

Ales Bialiatski (2º da esquerda para a direita) durante a cerimônia do Prêmio Paweł Włodkowic no Senado polonês em 2014.
© Michał Józefaciuk
Ales Bialiatski (2º da esquerda para a direita) durante a cerimônia do Prêmio Paweł Włodkowic no Senado polonês em 2014.

Belarus, Rússia e Ucrânia

Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, parabenizou os vencedores do Nobel da Paz de 2022 por promover paz, democracia, progresso e crescimento.

Para ele, as entidades da sociedade civil ajudam a exigir prestação de contas do governo e a dar voz aos mais vulneráveis em lugares de poder.

De acordo com o comitê, a escolha dos três nomes foi para homenagear os campeões dos “direitos humanos, democracia e coexistência pacífica” na Belarus, na Rússia e na Ucrânia.

A presidente do comitê norueguês do Nobel Berit Reiss-Andersen disse que os vencedores deste ano representam a sociedade civil em seus países de origem. Ela acrescentou que, “por muitos anos, eles promoveram o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos.”

Reiss-Andersen indicou que os três fizeram “um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos de direitos humanos e abuso de poder”.

Ao reagir ao anúncio, o secretário-geral António Guterres ressaltou o poder da sociedade civil como “o oxigênio da democracia e catalisadores da paz, do progresso social e do crescimento econômico.”

António Guterres reiterou o compromisso com a defesa dos valores universais de paz, esperança e dignidade para todos.
ONU/Eskinder Debebe
António Guterres reiterou o compromisso com a defesa dos valores universais de paz, esperança e dignidade para todos.

Governos responsáveis

O líder da ONU lamentou que atualmente o espaço cívico esteja se estreitando em todo o mundo com ativistas de direitos humanos, defensores dos direitos das mulheres, ativistas ambientais, jornalistas e outros enfrentando prisões arbitrárias com duras penas, campanhas de difamação, multas e ataques violentos.

António Guterres reiterou o compromisso com a defesa dos valores universais de paz, esperança e dignidade para todos.

O ativista bielo-russo Ales Bialiatski fundou o Centro Viasna de direitos humanos. Ele foi detido em julho passado após manifestações contra o presidente Alexander Lukashenko, e permanece detido sem julgamento.

Mulheres que fogem das zonas de combate dos oblasts de Donetsk e Luhansk fazem fila para receber ajuda humanitária.
Foto cortesia do Fundo da Mulher Ucraniana
Mulheres que fogem das zonas de combate dos oblasts de Donetsk e Luhansk fazem fila para receber ajuda humanitária.

Direitos humanos e democracia

Fundado em 2007, o Centro de Liberdades Civis mereceu o reconhecimento pela “coexistência pacífica” durante o conflito na Ucrânia considerado o período mais tumultuado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. O órgão de cinco integrantes elogiou o centro por promover os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.

Berit Reiss-Andersen ressaltou “uma posição para fortalecer a sociedade civil ucraniana e pressionar as autoridades para tornar a Ucrânia uma democracia de pleno direito, para transformar a Ucrânia em um Estado governado pelo Estado de direito”.

Após a invasão do país pela Rússia, em 24 de fevereiro, o grupo documentou crimes contra civis ucranianos. Essa atuação foi reconhecida por estar “desempenhando um papel pioneiro para responsabilizar os culpados por seus crimes”.

Já a ONG russa Memorial foi fechada pelas autoridades de Moscou no ano passado depois de atuar desde a década de 1980 “documentando repressões políticas realizadas sob a antiga União Soviética”.

Um banco de dados sobre as vítimas foi criado pelo grupo de direitos humanos listado como um dos mais antigos do país.