Chefe da ONU pede vontade política para acabar com a pandemia de Covid-19
António Guterres falou na abertura de evento de alto nível sobre acesso equitativo a testes, tratamento e vacinas; o líder da OMS e o vice-diretor-executivo do Unicef também participaram; representantes da ONU querem fim da lacuna vacinal, aumento de testagem e acesso a medicamentos.
Um evento de alto nível debateu sobre o fim da pandemia de Covid-19 por meio do acesso equitativo a testes, tratamento e vacinas, na sede da ONU.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reforçou sua mensagem de que o mundo passa por um momento desafiador, e que muitos desafios foram aprofundados por conta da emergência de saúde.
Ferramentas para conter o vírus
Ele destacou os esforços durante o período mais crítico da pandemia. Apenas 10 países seguem com uma cobertura vacinal inferior a 10%. Segundo o chefe da ONU, em sua maioria, são nações que também sofrem com crises humanitárias.
Guterres destacou novos tratamentos orais contra o vírus que, em conjunto com a testagem, são capazes de prevenir mortes. Assim, o líder das Nações Unidas lembrou que a Covid-19 é tratável e já existem ferramentas para garantir seu controle.
No entanto, ele ainda vê três lacunas que devem ser atendidas: a aceleração de doses adicionais, o acesso à testagem e a elaboração de planos de prevenção.
Sobre o reforço na imunização, Guterres afirmou que apenas 35% dos trabalhadores da saúde e 31% da população idosa está totalmente coberta em países de baixa renda.
Ele disse que é hora de fortalecer a “defesa contra ameaças futuras”, investindo em sistemas de alerta precoce, fabricação local e capacidades de diagnóstico e uma força de trabalho de saúde bem paga e bem fornecida. “Nunca devemos ser pegos tão despreparados novamente”, alertou.
Guterres concluiu seu discurso afirmando que é tempo de construir vontade política para acabar com a pandemia de Covid-19.
Fechar lacunas para acabar com a pandemia
Já o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, também trouxe um panorama positivo sobre os avanços para o fim da pandemia de Covid-19, reportando o menor número de mortes semanais desde o início da crise de saúde.
Porém, Tedros Ghebreyesus destaca que enquanto 75% das pessoas em países de alta renda estão imunizadas, esse número cai para 19% em nações de baixa renda.
Além da diferença em cobertura vacinal, a testagem vem caindo em todo o mundo e o acesso a novos antivirais é quase inexistente na maioria dos países de baixa e média renda.
O chefe da agência de saúde também destacou três prioridades para o fim da pandemia, reforçou a vigilância e o sequenciamento do vírus, e pediu que antivirais estejam disponíveis em todos os lugares.
Ajuda do Covax e Unicef
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, desempenhou um papel fundamental para que as vacinas chegassem a populações mais vulneráveis. O vice-diretor-executivo do Unicef, Omar Abdi, lembrou algumas das conquistas da agência no enfrentamento da crise sanitária.
Segundo ele, mais de 12,4 bilhões de doses de vacinas Covid-19 foram administradas e, por meio dos parceiros do mecanismo Covax, o Unicef pode implementar a maior cadeia de resfriamento da história: foram 800 congeladores de para quase 70 países em 2021.
Outro 1,2 bilhão de itens de equipamentos de proteção individual para proteger os profissionais de saúde e da linha de frente foram entregues em 142 países.
Novas variantes
Segundo Omar Abdi, mesmo com todo o progresso, é necessário “manter o ritmo para proteger o mundo contra futuros surtos e novas variantes”. Ele explica que enquanto a cobertura continuar a ser desigual, a pandemia persistirá.
O vice-chefe do Unicef chamou a atenção para alguns dos efeitos da pandemia nas crianças que, segundo ele, foram as maiores vítimas, pois enfrentaram os impactos arrasadores na saúde, educação e bem-estar.
Além disso, ele destacou que as vacinações de rotina para outras doenças foram significativamente interrompidas.
Dados da OMS e do Unicef mostram que 25 milhões de crianças não receberam a vacina contra difteria, tétano e coqueluche em 2021.
De acordo com Abdi, esta é a maior queda sustentada nas taxas de vacinação infantil de rotina em uma geração. Ele teme que os retrocessos possam eliminar 30 anos de progresso.