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Novos bombardeios na usina ucraniana de Zaporizhzhia aumentam risco de acidente nuclear BR

Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, esteve na Ucrânia para conversar com altos funcionários do governo
© IAEA
Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, esteve na Ucrânia para conversar com altos funcionários do governo

Novos bombardeios na usina ucraniana de Zaporizhzhia aumentam risco de acidente nuclear

Paz e segurança

Rafael Grossi afirma que autoridades ucranianas informaram sobre novos ataques na instalação nos últimos três dias; todos os sistemas de segurança permanecem operacionais e não houve aumento nos níveis de radiação; ONU segue negociando envio de missão a maior usina nuclear europeia.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, alertou para o aumento do risco potencial de um desastre após novos bombardeiros próximos da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia.

Rafael Mariano Grossi disse que as autoridades ucranianas informaram a agência nuclear da ONU sobre novos ataques na instalação nos últimos três dias, mas afirmaram que todos os sistemas de segurança permaneceram operacionais e não houve aumento nos níveis de radiação.

Nas últimas semanas, bombardeios perto de Zaporizhzhia soaram o alarme de riscos atômicos no local
Unsplash/Yehor Milohrodskyi
Nas últimas semanas, bombardeios perto de Zaporizhzhia soaram o alarme de riscos atômicos no local

Acidente potencial

Em comunicado, Grossi afirma que o último bombardeio destacou o risco de um potencial acidente nuclear na maior usina nuclear da Europa, que está sob o controle das forças russas desde o início de março, mas operada pela equipe ucraniana.

O chefe da agência nuclear disse que a Ucrânia ainda não tem informações completas sobre os danos causados ​​pelos ataques, que ocorreram nos últimos três dias.

Zaporizhzhia tem seis reatores nucleares. Normalmente, tem quatro linhas de energia externas, mas três foram perdidas logo no início do conflito, que chega agora em seu sétimo mês.

O bombardeio atingiu a área dos dois prédios especiais da usina, localizados a cerca de cem metros dos prédios do reator, bem como uma área de viaduto.

Os edifícios abrigam instalações, incluindo estações de tratamento de água, oficinas de reparo de equipamentos ou instalações de gerenciamento de resíduos. Algumas tubulações de água também foram danificadas, mas já teriam sido reparadas.

Conselho de Segurança debate situação em Zaporizhzhia
UN Photo/Manuel Elias
Conselho de Segurança debate situação em Zaporizhzhia

Radioatividade na faixa normal

Todas as medições de radioatividade no local estavam dentro da faixa normal e não havia indicação de qualquer vazamento de hidrogênio, de acordo com as informações disponibilizadas pelas autoridades ucranianas à agência da ONU.

Grossi afirma que continua as consultas com todas as partes do conflito nos esforços para enviar uma missão de especialistas da Aiea para a usina e ajudar a garantir a segurança nuclear no local.

A missão avaliaria os danos físicos nas instalações, determinaria se os sistemas de segurança e proteção principal e de retaguarda estão funcionais, avaliaria as condições de trabalho do pessoal e realizaria atividades de segurança urgentes.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu que uma missão seja enviada "o mais rápido possível". Na semana passada, o chefe das Nações Unidas disse ao Conselho de Segurança que continua "gravemente preocupado" com a situação dentro e ao redor da usina nuclear.

Em sua participação em sessão sobre o conflito, ele afirmou que a situação é alarmante. A reunião marcou o sexto mês de guerra e o 31º aniversário da independência do país.

Guterres voltou a destacar que qualquer nova escalada da situação poderia levar à "autodestruição". Para ele, quaisquer ações que possam colocar em risco a integridade física, segurança ou proteção da usina nuclear são simplesmente inaceitáveis.

Guterres disse que a ONU tem capacidade logística e de segurança na Ucrânia para apoiar qualquer missão da Aiea, desde que a Rússia e a Ucrânia concordem.