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Escassez de água após rompimento de barragem na Ucrânia ameaça usina de Zaporizhzhia

Diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi e a equipe de especialistas da agência a caminho da Ucrânia para se encontrar com o presidente Zelenskyy após a catastrófica inundação da barragem de Kakhovka
IAEA/Dean Calma
Diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi e a equipe de especialistas da agência a caminho da Ucrânia para se encontrar com o presidente Zelenskyy após a catastrófica inundação da barragem de Kakhovka

Escassez de água após rompimento de barragem na Ucrânia ameaça usina de Zaporizhzhia

Paz e segurança

Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, Rafael Mariano Grossi, diz que situação é séria e preocupante; Organização Mundial da Saúde, OMS, atua para impedir surtos de doença e para responder a crise de saúde mental.

O incidente na barragem da hidrelétrica de Kakhovka, na Ucrânia, é “um passo na direção errada” e pode comprometer a segurança da usina nuclear Zaporizhzhia, considerada a maior da Europa.

O alerta é do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea.

 A usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia.
IAEA
A usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia.

Resfriamento dos reatores

Rafael Mariano Grossi chegou à Ucrânia, nesta terça-feira, para avaliar a situação. Após se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ele conversou com jornalistas sobre os riscos envolvidos.

De acordo com Grossi, a “situação é séria” porque a quantidade de água disponível para resfriar os reatores da usina é “limitada”. Ele disse que quer ouvir dos gestores da usina que medidas estão sendo tomadas e “avaliar que tipo de perigo” existe no local.

O diretor da Aiea disse que dos seis reatores da usina, cinco estão praticamente desligados, operando em níveis muito baixos de energia. Porém, o sexto está funcionando em um nível mais alto.

Grossi está “muito preocupado” também com o risco a usina ser atingida pelo fogo cruzado devido aos confrontos.

Um bairro em Kherson é inundado após a destruição da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia
Unicef/Alexsey Filippov
Um bairro em Kherson é inundado após a destruição da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia

Doenças transmitidas pela água

Já o representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, na Ucrânia, Jarno Habicht, diz que a agência já distribuiu suprimentos médicos para 15 mil pessoas afetadas pelo incidente.

O especialista da OMS alertou para “potenciais surtos de doenças transmitidas pela água”.

As minas terrestres são outra grande fonte de preocupação da agência. Com os níveis de alagamento baixando nos próximos dias, o risco de acidentes com minas será mais elevado.

Segundo a agência, informações sobre a localização dos artefatos explosivos precisam ser coletadas “o mais rapidamente possível”.

A OMS estima ainda que mais de 10 milhões de pessoas apresentam necessidades para tratamento de saúde mental na Ucrânia.

Diversas agências das Nações Unidas estão atuando para ofertar água potável, kits de higiene, apoio psicossocial, assistência financeira e acesso a serviços médicos e legais para a população afetada pelo rompimento