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Em Odessa, Guterres diz que mais deve ser feito para mundo obter grãos da Ucrânia BR

No segundo dia de trabalho na Ucrânia, António Guterres destacou a retomada das exportações em Odessa
ONU/Mark Garten
No segundo dia de trabalho na Ucrânia, António Guterres destacou a retomada das exportações em Odessa

Em Odessa, Guterres diz que mais deve ser feito para mundo obter grãos da Ucrânia

ODS

Secretário-geral também falou da crise em Zaporizhzhia e disse que visita à usina nuclear cabe à Agência Internacional de Energia Atômica; em Odessa, chefe da ONU pediu à Rússia que não corte a ligação da rede de energia ucraniana na Usina Nuclear de Zaporizhzhia.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitou o porto de Odessa, na Ucrânia, de onde começaram a partir os primeiros navios com grãos para o resto do mundo.

Na Ucrânia, ele se reuniu com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Usina Nuclear de Zaporizhzhia

Guterres falou a jornalistas sobre a situação nuclear que deve permanecer ligada à rede de eletricidade ucraniana da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia. A instalação é a maior da Europa.

Ele respondeu a uma questão, em português sobre uma eventual missão técnica da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, ao local.

O secretário-geral, António Guterres, observa o carregamento de grãos no navio Kubrosliy em Odessa, Ucrânia
ONU/Mark Garten
O secretário-geral, António Guterres, observa o carregamento de grãos no navio Kubrosliy em Odessa, Ucrânia

 

“A Agência Internacional de Energia Atômica é uma agência autônoma, que tem um mandato próprio e que responde perante o seu Conselho, composto por Estados-membros. Cabe à agência definir que tipo de inspeções, quando e de que maneira. As Nações Unidas, ao nível do seu Secretariado apenas afirmam, e repito, nós temos, na Ucrânia, capacidade logística e capacidade de segurança para apoiar uma possível missão da Agência Internacional de Energia Atômica, desde Kyiv até Zaporizhzhia.”

O chefe da ONU disse ser óbvio que a eletricidade gerada no local “é ucraniana e este princípio deve ser totalmente respeitado”.

Este é o segundo dia de trabalho de António Guterres na Ucrânia. No porto de Odessa, ele falou da retomada das exportações, que também acontecem em Chornomorsk e Pivdennyi. As operações fazem parte do acordo de exportação de grãos assinado entre Kyiv e Moscou com as Nações Unidas.

Iniciativa de Grãos do Mar Negro

Guterres contou que a Iniciativa de Grãos do Mar Negro altera a realidade gerada pela suspensão, por meses, da saída de navios com cereais. Ele lembrou que com a paralisação das atividades foi cortada uma linha de transporte essencial de um celeiro global.

Com a volta das exportações, em menos de um mês, 25 navios carregados de grãos e outros alimentos partiram dos três portos ucranianos. No total, foram mais de 600 mil toneladas de produtos alimentícios.

 

Deslocados internos em um centro de recepção em Zaporizhzhia, na Ucrânia
UNICEF/Kate Klochko
Deslocados internos em um centro de recepção em Zaporizhzhia, na Ucrânia

 

António Guterres destacou haver ainda muito a fazer para garantir o acesso global a produtos ucranianos bem como alimentos e fertilizantes russos após um acordo de exportação de alimentos mediado pela ONU.

Conflito amargo e sem precedentes

No porto ucraniano do Mar Negro, o secretário-geral citou a necessidade de ajuda aos países em desenvolvimento para comprar esses grãos ao pedir que seja desimpedido o acesso aos mercados globais de alimentos e fertilizantes russos.

Para o chefe da ONU, este é um acordo entre duas partes envolvidas em “um conflito amargo e sem precedentes, tanto em finalidade como em sua dimensão".

O secretário-geral ressalta que é hora de “um apoio maciço e generoso para que os países em desenvolvimento possam comprar alimentos” de Odessa e de outros portos.