ONU pede US$ 4,3 bilhões para responder ao agravamento da crise na Ucrânia
Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda no país em guerra, 2 milhões a mais desde o último apelo, em abril; além de financiamento, porta-voz do Ocha, na Ucrânia, Saviano Abreu, cita acesso aos comboios para que auxílio chegue a quem mais precisa.
As Nações Unidas revisaram o apelo humanitário para a Ucrânia. São necessários agora US$ 4,3 bilhões para garantir serviços de assistência e proteção até dezembro.
A violência, desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, já deixa pelo menos 17,7 milhões de pessoas precisando de assistência e proteção humanitária. São 2 milhões de ucranianos a mais em situação de vulnerabilidade desde abril, data do último pedido de financiamento.
Agravamento da situação humanitária
A ONU News conversou com o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, na Ucrânia. Saviano Abreu contou que a comunidade internacional tem respondido, de forma positiva, aos apelos desde o começo do conflito, o que possibilitou levar a ajuda a mais de 11 milhões de pessoas nos últimos meses. Mas as necessidades não param.
“Já são mais de 17,7 milhões de pessoas, quase 18 milhões de ucranianos e ucranianas que hoje precisam de ajuda humanitária. Nosso apelo agora praticamente dobrou. Estamos falando agora de US$ 4,5 bilhões que são necessários para que consigamos manter esta resposta humanitária, que é crucial para as pessoas que estão sofrendo com a guerra, até o final do ano. É um apelo que fazemos agora à comunidade internacional. Da mesma forma que no início da guerra tivemos um suporte enorme e necessário, precisamos que agora esse suporte continue e [que a comunidade internacional] não esqueça que a guerra na Ucrânia continua e que as pessoas ainda precisam de ajuda.”
Após acompanhar a retomada do fluxo de embarcações no porto de Odessa, Saviano Abreu afirmou que a mesma vontade política que levou à assinatura do acordo de grão do Mar Negro precisa ser vista no acesso humanitário. De acordo com o porta-voz, as áreas ocupadas por tropas russas possuem difícil acesso, o que deixa milhares de ucranianos sem assistência.
“Mas o que nós temos agora que conseguir, o próximo passo, é que quando tem uma vontade política as coisas podem acontecer. O que precisamos agora que aconteça no mesmo sentido é o acesso humanitário a áreas da Ucrânia que ainda não conseguimos chegar e onde pessoas estão situação desesperadora, precisando de ajuda humanitária.”
Acesso à resposta humanitária
A coordenadora humanitária para a Ucrânia, Denise Brown, também enfatiza que, além do financiamento, é preciso acesso seguro e desimpedido a todas as áreas afetadas pela guerra.
Segundo ela, desde que o conflito começou tem sido extremamente desafiador acessar áreas fora do controle da Ucrânia. Ela pediu às partes em conflito para que cumpram suas obrigações sob o direito internacional humanitário e facilitem a resposta humanitária.
Outra preocupação do Ocha é com a chegada do inverno. A destruição de milhares de casas e a falta de combustível, gás ou eletricidade devido a infraestruturas danificadas podem se tornar uma questão crítica se as pessoas não conseguirem aquecer suas casas.
Tensões em Zaporizhzhia
Em nota separada, durante sua visita ao Japão, o secretário-geral falou dos ataques à usina nuclear de Zaporizhzhia na última semana. António Guterres voltou a afirmar que os bombardeios na região são “suicidas”.
O chefe da ONU reforçou seu apoio à Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, que busca criar condições de estabilização na usina ucraniana, sob controle das tropas russas desde o início do conflito.
A agência nuclear vem negociando acesso à usina para poder fazer uma avaliação técnica da segurança na instalação, mas, segundo o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, o processo precisa da cooperação das partes já que, embora seja uma usina ucraniana, segue ocupada pela Rússia.
Guterres viajou ao Japão para participar da cerimônia que marca o 77º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima.