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ONU pede US$ 4,3 bilhões para responder ao agravamento da crise na Ucrânia BR

Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda na Ucrânia
© UNHCR/Andrew McConnell
Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda na Ucrânia

ONU pede US$ 4,3 bilhões para responder ao agravamento da crise na Ucrânia

Paz e segurança

Quase 18 milhões de pessoas precisam de ajuda no país em guerra, 2 milhões a mais desde o último apelo, em abril; além de financiamento, porta-voz do Ocha, na Ucrânia, Saviano Abreu, cita acesso aos comboios para que auxílio chegue a quem mais precisa.

As Nações Unidas revisaram o apelo humanitário para a Ucrânia. São necessários agora US$ 4,3 bilhões para garantir serviços de assistência e proteção até dezembro.

A violência, desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, já deixa pelo menos 17,7 milhões de pessoas precisando de assistência e proteção humanitária. São 2 milhões de ucranianos a mais em situação de vulnerabilidade desde abril, data do último pedido de financiamento.

Ataques com esses dispositivos em território ucraniano resultaram na morte ou ferimento de  pelo menos 689 civis, danificando casas, hospitais e escolas
© UNDP/Oleksandr Ratushniak
Ataques com esses dispositivos em território ucraniano resultaram na morte ou ferimento de  pelo menos 689 civis, danificando casas, hospitais e escolas

Agravamento da situação humanitária

A ONU News conversou com o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, na Ucrânia. Saviano Abreu contou que a comunidade internacional tem respondido, de forma positiva, aos apelos desde o começo do conflito, o que possibilitou levar a ajuda a mais de 11 milhões de pessoas nos últimos meses. Mas as necessidades não param.

“Já são mais de 17,7 milhões de pessoas, quase 18 milhões de ucranianos e ucranianas que hoje precisam de ajuda humanitária. Nosso apelo agora praticamente dobrou. Estamos falando agora de US$ 4,5 bilhões que são necessários para que consigamos manter esta resposta humanitária, que é crucial para as pessoas que estão sofrendo com a guerra, até o final do ano. É um apelo que fazemos agora à comunidade internacional. Da mesma forma que no início da guerra tivemos um suporte enorme e necessário, precisamos que agora esse suporte continue e [que a comunidade internacional] não esqueça que a guerra na Ucrânia continua e que as pessoas ainda precisam de ajuda.”

Após acompanhar a retomada do fluxo de embarcações no porto de Odessa, Saviano Abreu afirmou que a mesma vontade política que levou à assinatura do acordo de grão do Mar Negro precisa ser vista no acesso humanitário. De acordo com o porta-voz, as áreas ocupadas por tropas russas possuem difícil acesso, o que deixa milhares de ucranianos sem assistência.

“Mas o que nós temos agora que conseguir, o próximo passo, é que quando tem uma vontade política as coisas podem acontecer. O que precisamos agora que aconteça no mesmo sentido é o acesso humanitário a áreas da Ucrânia que ainda não conseguimos chegar e onde pessoas estão situação desesperadora, precisando de ajuda humanitária.”

ONU faz novo apelo para responder ao agravamento da crise na Ucrânia

Acesso à resposta humanitária 

A coordenadora humanitária para a Ucrânia, Denise Brown, também enfatiza que, além do financiamento, é preciso acesso seguro e desimpedido a todas as áreas afetadas pela guerra. 

Segundo ela, desde que o conflito começou tem sido extremamente desafiador acessar áreas fora do controle da Ucrânia. Ela pediu às partes em conflito para que cumpram suas obrigações sob o direito internacional humanitário e facilitem a resposta humanitária.

Outra preocupação do Ocha é com a chegada do inverno. A destruição de milhares de casas e a falta de combustível, gás ou eletricidade devido a infraestruturas danificadas podem se tornar uma questão crítica se as pessoas não conseguirem aquecer suas casas.

Tensões em Zaporizhzhia

Em nota separada, durante sua visita ao Japão, o secretário-geral falou dos ataques à usina nuclear de Zaporizhzhia na última semana. António Guterres voltou a afirmar que os bombardeios na região são “suicidas”. 

O chefe da ONU reforçou seu apoio à Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, que busca criar condições de estabilização na usina ucraniana, sob controle das tropas russas desde o início do conflito.

A agência nuclear vem negociando acesso à usina para poder fazer uma avaliação técnica da segurança na instalação, mas, segundo o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, o processo precisa da cooperação das partes já que, embora seja uma usina ucraniana, segue ocupada pela Rússia.

Guterres viajou ao Japão para participar da cerimônia que marca o 77º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima.