Relatores querem investigação internacional sobre explosão de Beirute em 2020 BR

Objetivo é garantir justiça para as vítimas; explosão no Líbano, em 2020, matou mais de 200 pessoas; segundo especialistas em direitos humanos, processo de investigação nacional foi obstruído várias vezes; país continua em crise e moeda libanesa perdeu mais de 95% de seu valor nos últimos dois anos.
Um grupo de relatores independentes da ONU* pediu ao Conselho de Direitos Humanos que realize uma investigação internacional sobre a explosão que ocorreu em Beirute, há dois anos. O objetivo é garantir justiça para as vítimas.
A grande explosão, causada por um estoque de nitrato de amônio em um armazém portuário, ocorreu em 4 de agosto de 2020 e matou mais de 200 pessoas. Uma vasta área da capital libanesa foi destruída.
Há dois anos, logo após a explosão, 37 especialistas em direitos humanos da ONU emitiram uma declaração conjunta pedindo ao governo libanês e à comunidade internacional que respondessem aos pedidos de justiça e restituição. Mas, segundo os especialistas, o processo de investigação nacional foi obstruído várias vezes.
As famílias das vítimas apelaram à comunidade internacional para estabelecer uma investigação independente através do Conselho de Direitos Humanos, na esperança de conseguirem respostas que as autoridades libanesas não forneceram.
Os especialistas relataram que a “tragédia marcou uma das maiores explosões não nucleares da memória recente, mas o mundo não fez nada para descobrir por que aconteceu”.
Eles disseram estar desanimados que as pessoas no Líbano ainda aguardam justiça, e pediram que uma investigação internacional seja iniciada o mais rápido possível.
Recentemente, os relatores visitaram o país e descobriram que a responsabilidade pela explosão ainda não foi estabelecida, as áreas afetadas permanecem em ruínas e os fundos de reconstrução da comunidade internacional mal começaram a chegar aos legítimos beneficiários.
Para eles, a explosão e suas consequências trouxeram à tona problemas sistêmicos de governança negligente e corrupção generalizada no Líbano.
Com o país em crise, o acesso a alimentos e outros recursos continua ameaçado. O Líbano importa até 80% de seus alimentos, e a explosão danificou o principal ponto de entrada do país e o silo de grãos.
Os libaneses também estão lutando para ter acesso a combustível, eletricidade, remédios e água potável; a moeda perdeu mais de 95% de seu valor nos últimos dois anos, e a taxa média de inflação em junho foi de cerca de 210%, de acordo com os especialistas.
Eles disseram que alguns países prometeram ajudar as pessoas no Líbano após a explosão, mas até agora não fizeram o suficiente para levar justiça e iniciar uma investigação internacional.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.