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Relatora pede investigação do assassinato de defensor de direitos humanos no Pará BR

Escritório de Direitos Humanos da ONU
Foto: ONU/Jean-Marc Ferré
Escritório de Direitos Humanos da ONU

Relatora pede investigação do assassinato de defensor de direitos humanos no Pará

Direitos humanos

Em comunicado, Mary Lawlor citou “padrão preocupante de impunidade”; Fernando dos Santos Araújo era sobrevivente e uma das testemunhas-chave do massacre do Pau D’Arco, que matou 10 trabalhadores rurais, na Amazônia, em 2017.

A relatora especial* sobre a situação dos defensores de direitos humanos, Mary Lawlor, afirmou que a proteção de ativistas deve ser uma prioridade do governo no Brasil. 

Em comunicado, a especialista do Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu uma investigação completa do assassinato do defensor do direito à terra, Fernando dos Santos Araújo, morto em 26 de janeiro.

Amazônia

Ele era sobrevivente e uma testemunha-chave do massacre do Pau D’Arco, no Pará, em 2017, quando 10 trabalhadores rurais foram assassinados durante uma ocupação de terra na Amazônia.

Para a relatora Mary Lawlor, o assassinato do ativista evidencia um padrão de impunidade. 

Fernando dos Santos Araújo estava recebendo ameaças de morte. Ele foi assassinado a tiros dentro de casa.

O advogado dele, José Vargas Sobrinho Júnior também sofreu ameaças por pedir a prestação de contas para os autores do massacre em Pau D’Arco.  

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Foto ONU: Eskinder Debebe
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Grupos de mensagens 

Ele foi vilipendiado pela mídia local e grupos de mensagens por celular no início deste ano.

A especialista em direitos humanos da ONU contou que “apesar das ameaças e das intimidações no Pará, o advogado continuou defendendo os sobreviventes e exigindo justiça para as vítimas do massacre.

Três anos após a chacina, muitas perguntas continuam sem resposta. E alguns militares acusados de participação no crime foram retornados à ativa. 

Precedente preocupante

A relatora da ONU afirmou que está preocupada com a falta de proteção para o advogado e outras vítimas e testemunhas do massacre. 

Ela também denunciou a falta de indenização e apoio para as famílias dos 10 trabalhadores rurais assassinados no Pará.

Mary Lowler disse que se um massacre trágico como o de Pau D’Arco permanecer sem punição, será a criação de um precedente preocupante para a defesa dos direitos humanos no Brasil e na região.

O comunicado da relatora foi endossado pelo especialista em direitos humanos e meio ambiente do Conselho de Direitos Humanos, David R. Boyd.
 
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.