Perspectiva Global Reportagens Humanas

ONU acredita que digitalização da África pode render frutos em até três anos BR

Crianças aprendem com tablets em uma escola nos Camarões.
© Unicef/Frank Dejongh
Crianças aprendem com tablets em uma escola nos Camarões.

ONU acredita que digitalização da África pode render frutos em até três anos

ODS

Em entrevista à ONU News, conselheira do secretário-geral sobre o continente, Cristina Duarte, afirma que será impossível cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sem considerar os ativos intangíveis que são as instituições bem estruturadas e dimensionadas.

A África precisa continuar na direção do desenvolvimento construindo pontes e estradas, mas ao mesmo tempo investindo na digitalização de suas instituições para avançar na recuperação da Covid-19 e olhar para o futuro.

A declaração é da conselheira do secretário-geral sobre África, Cristina Duarte. Para ela, sem considerar esses ativos intangíveis será impossível cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS. 

Cristina Duarte falou sobre a recuperação pós-Covid-19 e como a África já se posiciona a produção de vacinas contra a doença
ONU/Manuel Elias
Cristina Duarte falou sobre a recuperação pós-Covid-19 e como a África já se posiciona a produção de vacinas contra a doença

Cabo Verde

A ex-ministra da Finança de Cabo Verde foi entrevistada para o Destaque ONU News e explicou que a digitalização é um elemento fundamental do desenvolvimento da África, que se bem aplicada, pode começar a render frutos em menos de três anos.

“É importante construir estradas, pontes. Mas também é importante colocar as instituições certas dimensionadas, estruturadas, porque dificilmente conseguiremos implementar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis se não prestarmos atenção aos ativos intangíveis. Estou a falar de instituições. Ora, quando falamos em instituições em África e o papel que as instituições devem desempenhar nesse construir pós-Covid 19, a digitalização é de facto, eu diria, a fruta que está madura na árvore, a fruta que permitirá o policy making, a governança, em África, a dar saltos qualitativos enormes. Por exemplo, a digitalização das administrações públicas, de forma integrada, de A a Z.”

Grupo pede que se maximize a contribuição da ajuda ao comércio para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Unctad/Kris Terauds
Grupo pede que se maximize a contribuição da ajuda ao comércio para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Unctad

Cristina Duarte falou ainda do sistema eletrônico aduaneiro, lançado pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, em 2002. O Sydonia World permite aos funcionários da alfândega e comerciantes a realizarem a maior parte de suas transações desde declarações, carregamentos até documentos de trânsito pela internet.

Para a conselheira da ONU, este sistema “pode ter um impacto incomensurável em termos de geração de receitas aduaneiras, nos orçamentos e no espaço fiscal africano, digitalizando as administrações aduaneiras em África para combater os frutos ilícitos”. Cristina Duarte lembra que 65% dos bens ilícitos na África vêm exatamente da administração aduaneira. 

Centro de transferência de tecnologia de mRNA na África do Sul, um dos países selecionados para estabelecer a produção de vacinas de mRNA.
MPP/WHO/Rodger Bosch
Centro de transferência de tecnologia de mRNA na África do Sul, um dos países selecionados para estabelecer a produção de vacinas de mRNA.

Covid-19

Durante a conversa com a ONU News, a conselheira do secretário-geral também citou a oportunidade que o continente tem agora de produzir vacinas contra a Covid-19. Para ela, este momento pode ser aproveitado para solucionar ainda o grande déficit do setor farmacêutico no país e outros problemas. Segundo Cristina Duarte, as soluções para os desafios africanos estão dentro do próprio continente.

Este mês, o Escritório liderado por ela na ONU lançou o African Think Tank Networlk para intercâmbio de especialistas africanos dentro e fora da Diáspora que pense a solução de problemas.  A iniciativa

Veja aqui a entrevista completa