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ONU marca Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio contra os Tutsis no Ruanda   BR

Cerimônias agendadas para marcar a data em nível global incluem memorial na sede das Nações Unidas
ONU/Violaine Martin
Cerimônias agendadas para marcar a data em nível global incluem memorial na sede das Nações Unidas

ONU marca Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio contra os Tutsis no Ruanda  

Paz e segurança

Há 28 anos, cerca de 1 milhão de pessoas foram mortas no massacre, que durou mais de três meses; secretário-geral pede cautela no desdobramento de crises atuais como Ucrânia. 

Este 7 de abril é o Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio contra os Tutsis no Ruanda. 

A data recorda o massacre que em 100 dias matou cerca de 1 milhão de pessoas por autoridades extremistas hutus em 1994. 

Humanidade  

Uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a lembrança da data, em 2003. 

Refugiados ruandeses que fugiram do país durante o genocídio voltam para casa em 2005
ONU/John Isaac
Refugiados ruandeses que fugiram do país durante o genocídio voltam para casa em 2005

 

Em mensagem, o secretário-geral ressaltou desafios como a guerra na Ucrânia, ao lado de situações de conflito no Oriente Médio, na África, e outras partes. 

O chefe da ONU convidou o mundo a refletir sobre os fracassos que levaram à situação ruandesa, que segundo ele não foi um acidente e poderia ter sido evitada. 

Guterres disse que o massacre foi deliberado, sistemático e realizado em plena luz do dia. Segundo ele, ninguém que acompanhasse os assuntos mundiais ou visse o noticiário poderia negar o que chamou de violência doentia que estava a ocorrer. Mas destaca que poucos se manifestaram e menos ainda tentaram intervir. Segundo Guterres, muito mais poderia ter e deveria ter sido feito.  

ONU
Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsi em Ruanda

 

Ele lembra que 28 anos depois dos acontecimentos a mancha da vergonha permanece. Para o secretário-geral, as escolhas diante da comunidade internacional estão entre a humanidade em vez do ódio, a compaixão em vez de crueldade, a coragem em vez de complacência e a reconciliação em vez da ira.  

Crimes  

O secretário-geral apontou ainda o princípio da responsabilidade de proteger que desencoraja a indiferença perante crimes atrozes.   

Na mensagem, Guterres elogia a atuação do Tribunal Penal Internacional para o Ruanda, que foi o pioneiro na condenação por genocídio. 

Ele ressaltou que a justiça é indispensável para uma paz sustentável.  

Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.
Foto: UNICEF/Giacomo Pirozzi
Cemitério em Nyanza, na zona rural de Kigali, em Ruanda. Durante o genocídio, 10 mil pessoas foram queimadas e mortas no vilarejo, enquanto tentavam escapar para o Burundi.

 

Guterres observou que o Ruanda é atualmente um testemunho poderoso da capacidade do espírito humano de curar até as feridas mais profundas e de emergir das profundezas mais sombrias para reconstruir uma sociedade mais forte. Depois de terem sofrido violência de gênero, as mulheres hoje ocupam 60% dos assentos parlamentares no quarto maior país contribuinte para as operações de manutenção da paz da ONU. 

Guterres acredita que o genocídio contra os tutsis levantou questões que afetam toda a humanidade. 

Unesco 

Entre elas estão o papel do Conselho de Segurança, a eficácia da manutenção da paz, a necessidade de acabar com a impunidade por crimes internacionais ou de lidar com as raízes da violência e a fragilidade do civismo. 

Entre as cerimônias agendadas para marcar a data em nível global está um memorial na sede das Nações Unidas. 

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, Unesco promove, ações educativas sobre genocídios para sensibilizar estudantes para as causas, dinâmicas e consequências de tais crimes. 

A cerimônia oficial em memória das vítimas está marcada para 21 de abril. 

Secretário-geral António Guterres (ao centro) no evento da Assembleia Geral em comemoração do Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsis no Ruanda.
ONU/Eskinder Debebe
Secretário-geral António Guterres (ao centro) no evento da Assembleia Geral em comemoração do Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de 1994 contra os Tutsis no Ruanda.