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ONU marca 20 anos do genocídio de Ruanda com série de eventos BR

ONU marca 20 anos do genocídio de Ruanda com série de eventos

Secretário-Geral afirmou que tema do “Kwibuka 20” é “Lembre-se, Una-se, Renove-se”; Ban Ki-moon afirmou que as mais de 800 mil pessoas brutalmente assassinadas serão sempre lembradas.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A ONU marca os 20 anos do genocídio de Ruanda com o lançamento do “Kwibuka 20”, uma série de eventos sobre a tragédia.

O Secretário-Geral, Ban Ki-moon, afirmou que o tema deste ano é: “Lembre-se, Una-se, Renove-se”.

Lembrança

Ban disse que “as mais de 800 mil pessoas brutalmente assassinadas na época vão ser sempre lembradas”.

Ele declarou que todos tiram inspiração da capacidade de união dos ruandeses e do exemplo de que a reconciliação é possível mesmo depois de uma tragédia de proporções monumentais.

O chefe da ONU elogiou também a determinação dos ruandeses para renovar o país e pavimentar o caminho para um futuro seguro e próspero. 

Comunidade Internacional

Ban Ki-moon alertou que o genocídio em Ruanda representou o maior fracasso da comunidade internacional para agir em face de uma atrocidade.

Ele explicou que todos aprenderam lições importantes. Segundo o Secretário-Geral, se sabe agora que o genocídio não se resume a um único evento, mas sim, é um processo que se desenvolve ao longo do tempo e requer planejamento e recursos para ser executado.

Ao mesmo tempo, Ban afirmou que com informação adequada, mobilização, coragem e disposição política, o genocídio pode ser evitado.

O chefe da ONU afirmou que os Estados-membros adotaram a iniciativa “responsabilidade para proteger” e foi criado o Escritório do Conselheiro Especial sobre Prevenção de Genocídio.

Ban disse que seu conselheiro especial, Adama Dieng, monitora o mundo inteiro para sinais precursores deste tipo de crime. Isso representa um alerta antecipado para ele e para o Conselho de Segurança.

O Secretário-Geral disse ainda que sua conselheira especial sobre a Responsabilidade para Proteger, Jennifer Welsh, participa de diálogos políticos com os Estados-membros para colocar o conceito em prática.

Mediação e Diplomacia

Ele explicou também que a ONU fortaleceu sua capacidade de mediação e de diplomacia preventiva. Adotou novos esforços de proteção de civis, que puderam ser vistos claramente durante a política de “portões abertos” no Sudão do Sul.

Ban falou também da ação mais ativa do Escritório do Alto Comissariado para Direitos Humanos. A ONU está promovendo mais tolerância e compreensão mútua entre os países, inclusive através da iniciativa Aliança das Civilizações.

Ele disse ainda que o mundo está entrando numa era de responsabilidade através das ações do Tribunal Penal Internacional, TPI. A Corte para Ruanda, com a cooperação da população e de outros países, continua processando indivíduos pela alegada responsabilidade no genocídio.

O Secretário-Geral declarou que 20 anos após a tragédia em Ruanda, há muito mais a ser feito para que todos possam internalizar e implementar as lições aprendidas com ela. 

Síria

Ban disse que a incapacidade coletiva para evitar atrocidades na Síria nos últimos três anos representa uma vergonha para a comunidade internacional.

Além disso, as graves violações dos direitos humanos na República Centro Africana levaram o Conselho de Segurança a criar a Comissão Internacional de Inquérito.

Ele lembrou ainda das ameaças e discriminações sofridas em várias regiões contra migrantes, muçulmanos, povos Roma e outras minorias espalhadas pela Europa e outras partes.

Ban quer que todos denunciem quando comunidades forem ameaçadas por atrocidades em massa. Ele avisa que as vítimas não podem ser esquecidas e que tudo deve ser feito para que elas recebam o apoio que merecem.