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FAO indica benefícios e riscos associados com a alimentação no futuro BR

Inovações tecnológicas e científicas estão revolucionando o setor agroalimentar
© FAO/Aiea
Inovações tecnológicas e científicas estão revolucionando o setor agroalimentar

FAO indica benefícios e riscos associados com a alimentação no futuro

Saúde

Estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura analisa novos alimentos e tecnologias, alternativas baseadas em plantas e insetos e outros temas.

A Agência da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, divulgou um relatório de riscos e oportunidades sobre alimentos do futuro. Com mais de 7,7 bilhões de habitantes no mundo e uma tendência de crescimento nas próximas décadas, a FAO se preocupa com formas sustentáveis de geração de alimentos para todos.

Medusas

No estudo Refletindo sobre o Futuro da Segurança dos Alimentos divulgado na segunda-feira, a agência cita que quaisquer que sejam as opções de novos alimentos como medusas ou água viva, insetos comestíveis e carne em células e alimentos com base em plantas, é preciso começar a se preparar para questionamentos e preocupações agora.

A FAO também cita o papel da tecnologia na produção dos alimentos do futuro como inteligência artificial, blockchain e nanotecnologia.

O relatório examina grandes fatores globais como crescimento econômico, mudanças de comportamento e padrões do consumo, aumento da população e a crise climática que afetarão a segurança alimentar no futuro.

Variedades comestíveis de água viva são usadas por gerações em algumas partes da Ásia
FAO
Variedades comestíveis de água viva são usadas por gerações em algumas partes da Ásia

Mudanças

Segundo a agência, o mundo vive inovações científicas e tecnológicas que estão revolucionando o setor agroalimentar incluindo a segurança dos alimentos. É importante que os países se atualizem sobre essas mudanças e cooperem com a FAO.

O relatório mapeia as áreas mais críticas para agricultura e alimentos com o foco na segurança dos alimentos, que tem aumentado na mente dos consumidores em todo o mundo.  

O estudo cobre oito categorias que impulsam as tendências: mudança climática, novas fontes de alimentos e sistemas de produção, aumento no número de jardins de vegetais e outros locais de plantio nas cidades, mudanças no comportamento dos consumidores, economia circular, ciência de micro bioma (que estuda bactérias, vírus e fungos no intestino e no ambiente), inovação científico-tecnológica e fraude de alimentos. 

Existem fortes sinais de que a Iniciativa está funcionando e fazendo baixar o valor dos alimentos
Foto: Banco Mundial/Maria Fleischmann
Existem fortes sinais de que a Iniciativa está funcionando e fazendo baixar o valor dos alimentos

Ásia e África

Abaixo, alguns pontos do relatório da FAO:

•    Aumento da exposição e contaminações  – O impacto de mudanças da temperatura e a influência sobre a produção de alimentos além da alteração por parte dessas mudanças. Zonas mais frias se tornando mais quentes e o surgimento de pragas e espécies tóxicas de fungo na agricultura. Algumas toxinas já são um problema em regiões com África e Oriente Médio.

•    Medusas, algas e insetos – Variedades comestíveis de água viva são usadas por gerações em algumas partes da Ásia. Elas têm baixo teor de carboidrato e alto em proteína, mas tendem a estragar, facilmente, em temperatura ambiente e podem servir de vetor para bactéria patogênica, que pode afetar a saúde humana. O consumo de algas, por exemplo, está se espalhando além da Ásia e deve crescer por causa do valor nutricional e de sustentabilidade. As algas não precisam de fertilizantes para crescer e ajudam a combater a acidificação dos oceanos. Umas das preocupações é com o alto acúmulo de metais pesados como arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio. Sobe também o interesse por insetos comestíveis para diminuir o impacto sobre a produção alimentar. Ainda que sejam boas fontes de proteína, fibra e micronutrientes como ferro, zinco e magnésio, eles podem conter elementos de contaminação por alimentos provocando alergias.

•    Alternativas baseadas em plantas – Cada vez mais e mais pessoas se tornam veganas ou vegetarianas, quase sempre por preocupações com o bem-estar da saúde animal e o impacto sobre os rebanhos. Esses alimentos são uma alternativa à carne animal e a venda desses produtos deve crescer ainda mais em nível global. Mas esse consumo também pode causar alergias.

•    Carne baseada em células – Como profetizou o ex-premiê britânico, Winston Churchill, “Nós devemos escapar do absurdo de criar uma galinha inteira para comer o peito ou a asa dela, quando poderíamos criar somente essas partes por um meio mais apropriado”.  Hoje, isto está se tornando uma realidade como dezenas de empresas desenvolvendo bifes e nuggets de frango dessa forma. Aqui os riscos são o uso de soro de animal na forma de produção, o que pode levar à contaminação micro biológica e química.

Novas tecnologias – Uma revolução está transformando o setor de agroalimentos e ajudando a se produzir menos.  Um exemplo é a embalagem inteligente que aumenta a duração dos alimentos, tecnologia de blockchain que assegura que a comida possa ser rastreada na cadeia de fornecimento, e impressoras 3D que produzem doces e até ingredientes à base de planta com uma textura semelhante à da carne. Mas essa tecnologia precisa estar mais difundida e acessível e é preciso haver mais comunicação e transparência na troca de dados.

A FAO e a Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciaram que este ano, o relatório Mundial da Segurança dos Alimentos será em 7 de junho focando em melhores alimentos para uma saúde melhor.