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ONU debate efeito de sanções em pessoas afetadas por crises humanitárias BR

Chefe humanitário defende que seja assegurado que sanções não tenham consequências não intencionais para os civis já atingidos por crises
© Unicef
Chefe humanitário defende que seja assegurado que sanções não tenham consequências não intencionais para os civis já atingidos por crises

ONU debate efeito de sanções em pessoas afetadas por crises humanitárias

Ajuda humanitária

No Conselho de Segurança, Nações Unidas destacaram a importância das medidas para garantia da paz e segurança; subsecretária-geral para os Assuntos Políticos e Consolidação da Paz e chefe dos Assuntos Humanitários discursaram no evento. 

Nesta segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU debateu os efeitos das sanções nas missões humanitárias e na vida de milhares de pessoas.

Representantes das Nações Unidas destacaram que a ferramenta, que vem sendo modificada nas últimas três décadas, não deve ser usada sem uma avalição estratégica, ações de mediação e para a manutenção da paz.

Rosemary DiCarlo fala ao Conselho de Segurança
Foto: ONU/Loey Felipe
Rosemary DiCarlo fala ao Conselho de Segurança

Resultados

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A subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, abriu a reunião citando resultados que a implementação de sanções do Conselho de Segurança trouxe em áreas de conflito.

Ela também afirmou que foram abertas exceções para garantir a entrada de ajuda humanitária e até mesmo de armamento não-letal, onde as missões de paz precisam dos equipamentos para segurança.

Rosemary DiCarlo citou exemplos de exceções abertas na Coreia do Norte e no Afeganistão, que abriram o acesso ao financiamento humanitário e asseguraram as obrigações previstas no direito internacional.

No entanto, a subsecretária destacou que ainda há preocupações sobre consequências “não-intencionais ou efeitos adversos” das sanções do Conselho. Ela destacou que políticas de redução de risco e burocratização são os obstáculos mais importantes enfrentados por atores humanitários. 

Bens 

Rosemary DiCarlo explica que entidades financeiras e prestadores de serviços podem impor condições adicionais, aumentar custos ou se recusar a fornecer os bens e serviços solicitados, bloqueando a assistência humanitária.

Para ela, é possível minimizar os desafios se os Estados-membros alinharem suas legislações com o Conselho de Segurança. Além disso, ela destacou a necessidade de monitorar comitês de sanções para prever os impactos das restrições. 

A subsecretária também pediu por mais cooperação com os atores humanitários e o setor privado e destacou que a ONU está trabalhando em iniciativas para desenvolver capacidades e aumentar as sinergias entre os grupos. 

Por último, DiCarlo afirmou a importância de fornecer procedimentos “justos e claros a todas as entidades e indivíduos envolvidos tornaria a ferramenta de sanções ainda mais eficaz”

O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths  conhece um casal cuja casa foi destruída em Hawzen, Tigray.
Ocha/Saviano Abreu
O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths conhece um casal cuja casa foi destruída em Hawzen, Tigray.

Ações humanitárias

Após a representante da ONU para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz, o subsecretário para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, listou as principais preocupações e propôs ações aos Estados-membros do Conselho de Segurança.

Ele reforçou os pontos levantados por DiCarlo, citando a dificuldade de acesso humanitário em diversas áreas, a negociação com prestadores de serviço e adicionou a dificuldade criadas pelas sanções impostas quando ministérios e departamentos são administrados por indivíduos listados.

Ao citar o Afeganistão, ele explicou que nenhuma entidade governamental foi sancionada. No entanto, o risco de que pessoas sancionadas possam se beneficiar das transações levou as instituições financeiras a colocar efetivamente na lista de restrições o setor financeiro e comercial afegão. 

Assim, ele sugeriu ações que podem ser efetivas para diminuir o efeito das medidas nas ações humanitárias. Martin Griffths pediu aos países que as sanções aplicáveis em conflitos armados não impeçam as atividades de assistência e proteção de organizações humanitárias imparciais 

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Procedimentos

Para ele, em todos os contextos, as sanções não podem restringir direitos econômicos, sociais e culturais, incluindo o direito à alimentação, água, abrigo e saúde. As medidas “não devem ter implicações secundárias em cascata que vão além do foco da ação”.

O subsecretário afirmou que o Conselho de Segurança e outras jurisdições que implementam sanções devem incluir desde o início medidas humanitárias abrangentes, no lugar de procedimentos de autorização caso a caso, que podem ser “complicados e ineficientes”.

Por fim, ele afirmou que as exceções devem ser traduzidas sem problemas na legislação nacional para diminuir as preocupações de doadores humanitários, ONGs e empresas privadas. 

Martin Griffths encerrou sua participação afirmando que é de responsabilidade coletiva garantir que as medidas possam ser usadas para “melhorar o cumprimento do direito internacional humanitário e dos direitos humanos”.

O chefe humanitário defende que seja assegurado que as sanções não tenham consequências não intencionais para os civis já atingidos por crises humanitárias.