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ONU pede mais ações contra mudança climática após estragos das chuvas em janeiro BR

Imagens de satélite da tempestade tropical Ana passando por Moçambique em 24 de janeiro de 2022
© Eumetsat
Imagens de satélite da tempestade tropical Ana passando por Moçambique em 24 de janeiro de 2022

ONU pede mais ações contra mudança climática após estragos das chuvas em janeiro

Clima e Meio Ambiente

Tempestade Ana que passou por Moçambique, Madagáscar e Malauí deixou mais de 45 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças precisando de ajuda humanitária; iniciativas de plantio de árvores e projetos baseados em ecossistemas quer reverter perdas.

Várias agências das Nações Unidas estão chamando a atenção dos governos para o aumento de desastres naturais relacionados à mudança climática.

A Organização Meteorológica Mundial, OMM, informa que catástrofes e enchentes aumentaram 134% desde 2000, se comparado com décadas anteriores.

Tempestade Tropical Ana passou por Moçambique causando mortes, alagamentos e destruição
UNICEF
Tempestade Tropical Ana passou por Moçambique causando mortes, alagamentos e destruição

Casas destruídas

Em janeiro, enchentes em várias partes do mundo levaram a dezenas de milhares de desabrigados e pessoas precisando de ajuda humanitária.

Foi assim com a tempestade tropical Ana, no sul da África, que atravessou Moçambique, Malauí e Madagáscar.

Na Europa, a tempestade Malik atingiu Dinamarca, Alemanha, Polônia, Reino Unido e República Tcheca. Milhares de pessoas perderam energia elétrica e tiveram suas casas destruídas.

Mulher atravessa uma estrada inundada em El Salvador, depois que a tempestade tropical Amanda causou um deslizamento de terra
© PMA/Mauricio Martinez
Mulher atravessa uma estrada inundada em El Salvador, depois que a tempestade tropical Amanda causou um deslizamento de terra

Parceiros

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, Ipcc na sigla em inglês, o aumento das temperaturas globais está afetando, de forma dramática, o ciclo hídrico causando secas e cheias com mais frequência.

Já o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, está atuando com parceiros para construir formas mais resilientes de enfrentar esses eventos climáticos.

A especialista em ecossistemas de água doce da agência, Lis Mullin Bernhardt, disse que o Pnuma não tem uma varinha de condão, mas está fazendo o que pode com os países em termos de políticas e legislações para frear o problema.

Mãe e bebê na Beira, em Moçambique, recebem tratamento contra malária
Foto: Unicef/UN0303710/Oatway
Mãe e bebê na Beira, em Moçambique, recebem tratamento contra malária

Malária

As enchentes destroem a biodiversidade, vidas e subsistências. Com as cheias se vão também ativos e infraestruturas.

Outros efeitos de cheias são doenças contagiosas como cólera, dengue e malária em alguns lugares com água parada e condições para a proliferação de mosquitos.

O Pnuma está investindo em dados e sistemas de alarmes e riscos. O Portal Enchente e Seca  Flood and Drought Portal é mantido pela agência da ONU como parte de um centro especializado para melhor gerenciamento, desenvolvimento e uso de mananciais de água doce do nível local ao global.

As enchentes estão aumentando no mundo todo por conta da mudança climática
ONU Mulheres/Mohammad Rakibul Hasan
As enchentes estão aumentando no mundo todo por conta da mudança climática

Satélite

O portal utiliza informações de satélite e soluções de nuvem para melhorar a resposta e a preparação em casos de enchentes urbanas, cheias de bacias, secas e proteção costeira.

Já a Parceria Global para Dados de Desenvolvimento Sustentável atua para garantir novas oportunidades da revolução de dados para alcançar a Agenda 2030. A iniciativa tem experiências na Guiné, no Senegal e Togo.

As informações foram aproveitadas para o gerenciamento de desmatamento, cheias e secas no Senegal.

Bairro afetado por enchentes em Jacarta, Indonésia
Foto: © UNICEF/Arimacs Wilander
Bairro afetado por enchentes em Jacarta, Indonésia

Impactos

Em seu último relatório sobre adaptação e lacunas, o Pnuma destacou a urgência de financiamento na área. 

Custos de adaptação para os países em desenvolvimento são de cinco a 10 vezes maior que o montante atual à disposição.

Para o Pnuma, a conta é simples: abordagens baseadas em ecossistemas como construção de pântanos, áreas de retenção e de restauro da vegetação ajudam a mitigar os impactos das cheias.