FAO pede liderança firme para erradicar trabalho infantil na agricultura BR

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação afirma que 70% das crianças em trabalho infantil trabalham na produção agrícola; pandemia aumentou o risco de levar menores a atividades rurais
Acabar com o trabalho infantil até 2025 exigirá ação eficaz e liderança forte, afirmou o diretor geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, Qu Dongyu, durante a abertura de fórum virtual sobre o assunto.
O evento foi promovido com o apoio da Organização Internacional do Trabalho, OIT, e participaram representantes da ONU e do papa Francisco para mobilizar a ação global e buscar soluções para erradicar o trabalho infantil na agricultura.
A entidade da ONU informou que o trabalho infantil é uma realidade de mais de 160 milhões de crianças em todo o mundo. O número representa uma em cada dez. De acordo com a FAO, cerca de 70% dessas crianças trabalham na produção agrícola, pecuária, silvicultura, pesca e aquicultura.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, lembrou que o trabalho infantil é uma violação grave dos direitos humanos, mas muitas famílias vulneráveis não têm escolha. Ela disse que as soluções passam pelo o fornecimento de apoio financeiro para comunidades vulneráveis.
Fore afirmou que é preciso concentrar esforços significativos nas áreas rurais, com as famílias, “onde a agricultura é uma importante fonte de sustento”.
O trabalho infantil é geralmente definido como o trabalho que priva as crianças de sua infância, de seu potencial e de sua dignidade, e é prejudicial ao seu desenvolvimento físico e mental.
No discurso de abertura, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que o trabalho infantil pode ser evitado. Ele reforçou que a atividade não pode ser vista como uma saída para a pobreza.
Ryder acredita que o problema pode se transformar em algo “intergeracional” e que as entidades precisam ajudar as pessoas a sair deste círculo vicioso.
Os representantes explicaram que os principais fatores que contribuem para o trabalho infantil nas áreas rurais são baixa renda familiar, poucas alternativas de subsistência, acesso limitado à educação e às inovações.
A pandemia de Covid-19 teve efeitos negativos na subsistência de pequenos agricultores, especialmente nas áreas rurais, aumentando o risco de muitas crianças caírem no trabalho infantil.
A FAO informou que está promovendo esforços para aumentar a renda das famílias rurais, para que tenham meios de mandar seus filhos para a escola em vez de trabalhar.
O diretor da entidade afirmou que o apoio aos jovens das áreas rurais é fundamental, possibilitando que se “prepararem para o futuro por meio de educação relevante e desenvolvimento de habilidades”, permitindo que tenham oportunidades decentes de emprego.
O evento online é organizado no contexto do Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil e reúne representantes governamentais, produtores e associações, setor privado, sociedade civil, entre outros.