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OMS inclui fármacos contra câncer e diabetes em lista de medicamentos essenciais BR

Novos elementos da lista visam melhorar resposta a necessidades de dosagem e administração de crianças e adultos
Unicef/Olivier Asselin
Novos elementos da lista visam melhorar resposta a necessidades de dosagem e administração de crianças e adultos

OMS inclui fármacos contra câncer e diabetes em lista de medicamentos essenciais

Saúde

Relação global é revisada a cada dois anos; nova publicação inclui antimicrobianos e fármacos para ajudar a parar de fumar; entre elementos recém-introduzidos estão remédios para apoiar combate à hepatite C, ao HIV e à tuberculose.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, publicou esta quinta-feira a nova Lista Modelo de Medicamentos Essenciais. A agência apresentou ainda a relação de Medicamentos Essenciais Pediátricos, em Genebra.

Os elementos da classificação, atualizada a cada dois anos, são tratamentos para vários tipos de câncer, análogos de insulina e fármacos administrados por via oral para tratar a diabetes.

Prioridades

As novidades da última edição incluem fármacos para ajudar as pessoas que desejam parar de fumar e remédios contra infecções bacterianas e fúngicas graves.

A agência sublinha que o objetivo da nova lista é atender às prioridades globais de saúde, identificando os medicamentos que oferecem maiores benefícios e devem estar disponíveis e acessíveis para todos.

Medicamentos SGL T2 quando administrados por via oral demonstraram oferecer vários benefícios, incluindo um menor risco de morte
OMS/Quinn Mattingly
Medicamentos SGL T2 quando administrados por via oral demonstraram oferecer vários benefícios, incluindo um menor risco de morte

 

Os altos preços de remédios, tanto dos que recentemente tiveram patentes quanto dos mais antigos como a insulina, continuam fazendo com que fármacos essenciais estejam fora do alcance de muitos pacientes.

A agência da ONU anunciou a descoberta deste hormônio para tratar a diabetes há 100 anos, incluindo a versão humana, e publicou na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS na primeira publicação em 1977.

Mas o fornecimento limitado e os altos custos de aquisição em nações de baixa e média rendas limitam o tratamento dos pacientes.

Tratamento

As novidades da lista são os chamados análogos da insulina de ação prolongada, como insulina degludec, detemir e glargina e seus biossimilares. Com o hormônio obtido em humanos, a meta é aumentar o acesso ao tratamento ampliando as escolhas para os que vivem com a diabetes.

A agência ressalta que a qualidade de vida dos pacientes melhora com uma maior flexibilidade na dosagem dos análogos da insulina.

Para a diabetes tipo 2, a lista inclui os chamados inibidores do co-transportador de glicose de sódio 2, SGLT2. Deste grupo, a empagliflozina, canagliflozina e dapagliflozina serão usados como terapia de segunda linha em adultos.

Criança recebe tratamento contra a tuberculose no Sudão do Sul, em iniciativa do Fundo Global
Pnud Sudão do Sul/Brian Sokol
Criança recebe tratamento contra a tuberculose no Sudão do Sul, em iniciativa do Fundo Global

 

Estes medicamentos, quando administrados por via oral, demonstraram oferecer vários benefícios, incluindo um menor risco de morte, insuficiência renal e eventos cardiovasculares.

Morbilidade

Em relação ao câncer, a agência destaca que a doença está entre as que mais enfermam ou matam pessoas no mundo. Em 2020 causou cerca de 10 milhões de óbitos. Cerca de 70% ocorreram em países de baixa e média rendas. 

A OMS assinala avanços recentes com medicamentos para abordar características moleculares específicas do tumor em diferentes tipos de câncer, alguns dos quais com resultados muito melhores do que a quimioterapia “tradicional”.

Novos integrantes da lista estão os fármacos enzalutamida, o everolimus, ibrutinibe e rasburicase.

Para o caso de doenças infecciosas, infecções bacterianas comuns, hepatite C, HIV e tuberculose os novos elementos visam melhorar a resposta a necessidades de dosagem e administração de crianças e adultos.

Dois medicamentos não baseados em nicotina foram incluídos na publicação para ajudar a deixar de fumar. A bupropiona e vareniclina juntam-se à terapia de reposição apresentada na nova Lista Modelo.

Pacientes em quimioterapia em um hospital em Ruanda
© Unicef/Karel Prinsloo
Pacientes em quimioterapia em um hospital em Ruanda