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Chefe da ONU relembra 76 anos do bombardeio à cidade japonesa de Nagasaki  BR

Nuvem atômica se espalhando por Nagasaki
Foto ONU/Nagasaki International
Nuvem atômica se espalhando por Nagasaki

Chefe da ONU relembra 76 anos do bombardeio à cidade japonesa de Nagasaki 

Paz e segurança

António Guterres diz que lembranças permanecem vivas; chefe das Nações Unidas nota esperança os sinais de diálogo entre Estados Unidos e Rússia sobre o controle de arsenais. 

Nesta segunda-feira, a cidade japonesa de Nagasaki marcou o 76º aniversário do bombardeio atômico dos Estados Unidos. O lançamento ocorreu em 9 de agosto de 1945, três dias após o da bomba atômica sobre uma outra cidade japonesa: Hiroshima. 

Após ambos os ataques, o Japão se rendeu em 15 de agosto pondo fim à Segunda Guerra Mundial. 

Uso de arsenais  

Em mensagem, o secretário-geral disse que o mundo “habita na sombra da nuvem em forma de cogumelo”, passados mais de três quartos de século após a destruição de Nagasaki.  

Ruínas de Nagasaki a cerca de 800 metros do hipocentro da explosão da bomba atómica em meados de outubro de 1945.
Foto: ONU/Shigeo Hayashi
Ruínas de Nagasaki a cerca de 800 metros do hipocentro da explosão da bomba atómica em meados de outubro de 1945.

 

António Guterres destacou que “as perspectivas de uso de armas nucleares são tão perigosas quanto em qualquer época, desde o auge da Guerra Fria.” 

A expectativa do chefe da ONU é que grandes desenvolvimentos recentes sejam “um ponto de inflexão”. Ele sublinhou que atualmente os Estados correm para criar armas mais poderosas e estão ampliando os cenários potenciais para seu uso.  

O líder das Nações Unidas disse haver “uma retórica bélica que subiu o tom ao máximo, enquanto o diálogo está mudo”. 

Controle  

A esperança da ONU vem da reafirmação, pelos Estados Unidos e pela Rússia, de que “uma guerra nuclear não pode ser vencida e jamais deve ser travada”, além do compromisso de engajamento das duas partes “no diálogo sobre o controle de armas”. 

Em 2018, o secretario-geral conversou com sobreviventes das bombas atômicas contras as cidades de Hiroshima e Nagasaki
ONU/Dan Powell
Em 2018, o secretario-geral conversou com sobreviventes das bombas atômicas contras as cidades de Hiroshima e Nagasaki

Guterres também elogiou os integrantes do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares pela entrada em vigor desse instrumento. Para ele, o documento representa receios “legítimos de muitos Estados, sobre o perigo existencial das armas nucleares”. 

O apelo feito a todas as partes do Tratado de Não-Proliferação Nuclear é que usem a Décima Conferência de Exame do Tratado para reforçar a norma contra estes arsenais e tomar medidas para eliminação. 

O chefe da ONU disse ainda que se rende aos atos altruístas dos sobreviventes da explosão, conhecidos por hibakusha, cuja “coragem diante da imensa tragédia humana é um farol de esperança para a humanidade”. Ele agradeceu o grupo por “continuar a espalhar seu testemunho”. 

Metrópole cultural 

As Nações Unidas destacaram ainda que continuarão dando apoio para garantir que estas vozes sejam ouvidas pelos povos do mundo, especialmente pelas gerações mais jovens. 

Guterres elogiou o povo de Nagasaki por ter construído uma metrópole cultural a partir das cinzas da guerra nuclear: uma cidade dinâmica, que é exemplo da modernidade e do progresso na ação para evitar a devastação nuclear em qualquer outra cidade.