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Timor-Leste: ONU vê dupla crise como impulso para nova resposta à economia    BR

Vista aérea de região perto de Dili, em Timor-Leste
Foto ONU: Martine Perret
Vista aérea de região perto de Dili, em Timor-Leste

Timor-Leste: ONU vê dupla crise como impulso para nova resposta à economia   

Desenvolvimento econômico

Sistema das Nações Unidas no país revela apoio a metas de recuperação em 2020; grandes prioridades são agricultura e economia, que está na iminência de uma nova contração; governo e parceiros defendem que maior inclusão pode melhorar reconstrução. 

A pandemia põe em xeque a década de aposta de Timor-Leste em se tornar “uma nação próspera e forte de rendimento médio alto até 2030”. As recentes enchentes já mataram dezenas de pessoas e desalojaram mais de 30 mil famílias, segundo as Nações Unidas. 

Este ano, a organização projeta que a economia timorense volte a recuar, depois de ter encolhido 7% em 2020. Outro fator de impacto é a redução global das remessas, que continuará afetando “muitas famílias no próximo ano e possivelmente mais além”. 

Reunião dos Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste recentemente organizada pelo governo em Díli
ONU/Timor-Leste
Reunião dos Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste recentemente organizada pelo governo em Díli

Vulnerabilidades  

Para o coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste, o duplo impacto da Covid-19 e das recentes inundações expôs ainda mais as vulnerabilidades da nação lusófona e coloca-a ainda mais distante de alcançar as ambições até o fim da década.  

Roy Truvedi considera que as duas situações são “chamadas de alerta” sobre a necessidade de se investir na diversificação da economia, fortalecendo as infraestruturas, consolidando o capital humano mais qualificado e reforçando as redes de segurança social do país.  

Para construir resiliência a futuros choques, o coordenador residente defende que é preciso mais investimento em setores como agricultura e pesca, água potável e saneamento, energia renovável e saúde, educação e proteção social. 

As declarações foram feitas na Reunião dos Parceiros de Desenvolvimento de Timor-Leste recentemente organizada pelo governo em Díli.    

Roy Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste
ONU/Timor-Leste
Roy Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste

Prioridades  

No evento, o vice-primeiro-ministro timorense disse que deve ser alinhada a assistência com as prioridades governamentais. José Maria dos Reis ressaltou as seis áreas prioritárias que concentrarão as atenções do governo no próximo ano.  

Cooperando com as autoridades, a ONU atuará nessas seis vertentes, com destaque ao apoio à nutrição, segurança alimentar e agricultura sustentável. Outra é a promoção de oportunidades econômicas sustentáveis e trabalho decente para todos. 

O plano prevê ainda construir capital humano a partir do desenvolvimento da primeira infância e apoiar a aprendizagem e as habilidades ao longo da vida. A parceria promoverá cuidados de saúde e bem-estar de qualidade, o reforço de governança responsável, inclusiva e participativa e dos serviços públicos de qualidade. A ONU apoiará ainda a gestão sustentável de recursos naturais e a resiliência de Timor-Leste às mudanças climáticas. 

Plano prevê ainda construir capital humano a partir do desenvolvimento da primeira infância e apoiar a aprendizagem e as habilidades ao longo da vida
UN Photo/Martine Perret
Plano prevê ainda construir capital humano a partir do desenvolvimento da primeira infância e apoiar a aprendizagem e as habilidades ao longo da vida

Emergência   

Ao declarar apoio às novas prioridades, as Nações Unidas destacaram o mais recente Relatório Econômico do Banco Mundial estimando que a economia timorense deverá contrair em quase 5% até o final deste ano. 

A organização disse acreditar que essa contração pode ser ainda mais significativa em 2021. O estado de emergência devido à Covid-19 foi estendido e há uma grande probabilidade de que esse impacto seja sentido por vários anos. 

Os gastos públicos limitados podem marcar o ano de 2021, refletindo um revés provocado pelo aumento significativo de casos na pandemia que ameaça a saúde pública, a recuperação e a retoma de uma trajetória de crescimento sustentável.