
Unesco celebra metade das escolas reerguidas após explosões do porto de Beirute
Agência arrecadou mais de € 75 milhões para salvar cidade libanesa do declínio e manter talentos; estrondos que mataram centenas causaram danos em pelo menos 208 escolas; contingente brasileiro na Missão da ONU no Líbano ajudou na resposta aos incidentes.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, recuperou 95 escolas e 32 edifícios de universidades, após as explosões ocorridas no porto de Beirute, a capital do Líbano. Em 4 de agosto, o desastre completa um ano.
Mais de 200 pessoas morreram no incidente que ocorreu num depósito na área portuária. Milhares de pessoas sofreram ferimentos depois dos estrondos na área urbana cidade icônica, que teve 208 escolas entre os cerca de 8 mil edifícios danificados.
Força brasileira
O plano para reerguer os escombros seguiu-se à atuação de emergência da ONU. Militares da fragata brasileira Independência, que na altura integravam a Força-Tarefa Marítima da Missão da ONU no Líbano, Unifil, responderam ao pedido do governo libanês.

Na época, o contingente do Brasil ajudou a avaliar e a lidar com o impacto do incidente que foi uma das maiores ações da década de atuação destas forças em território libanês.
A agência da ONU realça que os danos foram muito além dos destroços físicos. Houve “prejuízos invisíveis incalculáveis” à vida e aos meios de subsistência, além de setores como educação, história, diversidade e riqueza cultural de Beirute.
Pelo menos 640 edifícios danificados eram históricos, na cidade conhecida como uma potência cultural para os cidadãos de nações árabes e na diáspora.
Ideias e identidades
A Unesco destaca que Beirute é célebre por permitir “o encontro de ideias e identidades” e por ser um símbolo de resiliência, empreendedorismo, pluralismo e otimismo.

A agência anunciou uma iniciativa de arrecadação de fundos e reabilitação, conhecida por LiBeirut. A ideia inicial era atender as necessidades imediatas dos sectores de educação, cultura e patrimônio da cidade.
Além de reconstruir escolas, edifícios históricos e espaços culturais, o dinheiro arrecadado foi aplicado para “salvar a cidade emblemática do declínio e evitar a fuga de melhores alunos, artistas e músicos”.
Duas dezenas de centros de capacitação ainda estão sendo restaurados. Foram recuperadas sete bibliotecas para serem usadas por 800 crianças, e serão treinados professores e bibliotecários.
Arqueólogos
A Unesco criou um mapa 3D de Beirute com mais de 100 mil imagens sobre a destruição do patrimônio em Beirute. O projeto também vem ajudando a capacitar jovens arqueólogos libaneses.
No setor da juventude, a agência organizou o um festival três dias em áreas degradadas da cidade. As atividades culturais, debates virtuais e um concerto de solidariedade arrecadaram mais de € 75,5 milhões para a reconstrução.