Perspectiva Global Reportagens Humanas
Moradores do assentamento de Cañada Real, em Madri, precisam urgentemente do governo

Apagão de mais de dois meses em Madri coloca 1,8 mil crianças sob risco  BR

Bassam Khawaja
Moradores do assentamento de Cañada Real, em Madri, precisam urgentemente do governo

Apagão de mais de dois meses em Madri coloca 1,8 mil crianças sob risco 

Direitos humanos

Em comunicado, relatores de direitos humanos pedem ao Governo da Espanha que restaure os serviços de energia elética no local, que sofre com baixa da temperatura do inverno europeu.  

Cerca de 1,8 mil crianças estão correndo risco num assentamento informal perto de Madri, capital da Espanha, por causa de um blecaute de eletricidade, que já dura dois meses.    

O local é habitado por muitos migrantes e integrantes do povo Roma, também conhecido como ciganos.   

Bebê no hospital   

Em comunicado, um grupo de nove relatores de direitos humanos* da ONU informou que as crianças em Cañada Real Galiana estão sofrendo e correndo risco de saúde com o inverno no país e a pandemia da Covid-19. Eles pediram ao governo espanhol que restabeleça a eletricidade no local.  

O apagão no assentamento começou em 2 de outubro. Pelo menos 4,5 mil pessoas vivem em dois setores do local.  O acampamento, fundado há 40 anos, tem 16 km e abriga 8 mil pessoas.   

Bebê foi parar no hospital com sintomas de hipotermia
Luis Díaz Izquierdo
Bebê foi parar no hospital com sintomas de hipotermia

 

Os especialistas em direitos humanos contaram que pelo menos um bebê foi parar no hospital com sintomas de hipotermia, uma vez que as temperaturas em Madri baixam bastante no inverno.   

Cadeirantes  

Cadeirantes, por exemplo, não tem energia para recarregarem as baterias de suas cadeiras elétricas, crianças com diabetes ficam sem acesso à insulina e com autismo estão sofrendo com a falta de luz.   

O comunicado mostra que o apagão não somente viola o direito das crianças à moradia adequada como tem efeitos sérios sobre os direitos delas à saúde, à água e ao saneamento como à educação e à alimentação.  

Sem luz, as crianças não podem estudar, usar a internet para as aulas e fazer outras atividades pedagógicas apoiadas por ONGs que atuam no local. 

Maconha   

Os relatores criticaram autoridades espanholas que culparam a presença de plantações ilegais de maconha para o apagão, levando a crer que os residentes do assentamento informal seriam criminosos.   

No comunicado, eles pediram aos políticos espanhóis que parem de estigmatizar os migrantes e os ciganos ou qualquer pessoa vivendo na pobreza.   

Ao finalizar o apelo, eles disseram que os moradores do assentamento de Cañada Real, em Madri, precisam urgentemente do governo para melhorar suas condições de vida e não de ataques verbais que só aumentam a hostilidade pública em relação a eles.   

*Os relatores especiais são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.  

Visitantes da COP25 em Madrid.
Unfccc/James Dowson
Visitantes da COP25 em Madrid.