OMS: países precisam cooperar na produção de uma vacina para derrotar Covid-19
Agência se posiciona contra o que classifica de “nacionalismo da vacina” e cita aumento de mortes de pacientes jovens; última atualização confirma 21.732.472 casos e mais de 770.866 óbitos pelo novo coronavírus.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou que sete meses e meio após a pandemia, o número de novas infecções e mortes ainda está se acelerando em várias partes do globo.
Tedros Ghebreyesus disse a jornalistas que os países devem evitar repetir “os mesmos erros” com o anúncio de novos diagnósticos, medicamentos e a possível chegada de uma vacina contra a Covid-19.
Vacina
Para Tedros, é preciso evitar o que ele chama de “nacionalismo da vacina”, quando um país sinaliza que usará a imunização apenas para sua população. A OMS acredita que a descoberta da vacina deve ser de domínio de todos e beneficiar a todos.
Para isso, a agência está cooperando com governos e o setor privado para o avanço da ciência, por meio da iniciativa ACT Accelerator, e para garantir que inovações estejam disponíveis em todos os lugares começando com os que enfrentam maior risco.
O diretor-geral anunciou uma proposta de distribuição de vacinas que será implementada em duas fases: na primeira, as doses serão alocadas de forma proporcional a todos os países participantes, ao mesmo tempo.
Já na segunda etapa, serão consideradas as nações em relação à ameaça e vulnerabilidade. Para Tedros, “o compartilhamento de suprimentos esgotáveis de forma estratégica e global é, na verdade, do interesse nacional de cada país”.
Para ele, “ninguém está seguro até que todos estejam seguros e nenhum país tem acesso à pesquisa e ao desenvolvimento, à manufatura e à toda a cadeia de abastecimento de todos os medicamentos e materiais essenciais”.
Mortes
Na atualização desta terça-feira, a OMS notificou 21.732.472 casos confirmados e mais de 770.866 mortes devido à Covid-19.
Falando a jornalistas durante o evento, a chefe da Unidade de Doenças Emergentes e Zoonoses, Maria Van Kerkhove, disse que as “pessoas não devem ser censuradas por desejarem retornar a uma vida normal.”
No entanto, a epidemiologista da OMS dirigiu uma mensagem agência especialmente aos jovens: que estes não são invencíveis em meio à pandemia. Ela explicou que se vêm observado jovens que terminam em Unidades de Tratamento intensivo e “que estão morrendo desse vírus”.
Maria Van Kerkhove explicou que existem mais de 100 estudos de seroprevalência sendo realizados em todo o mundo. A meta é determinar a proporção de infectados pelo vírus em determinada comunidade.
Infectados
Com esse tipo de análise foi possível detectar que 10% da população teriam desenvolvido anticorpos contra o vírus, o que “significa que uma grande proporção permanece susceptível”. A especialista explicou que, havendo uma grande população ainda nessa situação “o vírus tem uma oportunidade de se espalhar.”
Van Kerkhove acrescentou que cientistas analisam ainda o papel dos anticorpos e da resposta imunológica humana a uma infeção por Covid-19. Mas ainda falta clareza sobre qual seria “a força das diferentes respostas imunológicas e por quanto tempo elas duram”.
A esse respeito, o diretor do Programa de Emergências da OMS, Mike Ryan, disse haver ainda “muito ainda a ser discutido” por cientistas. Por agora, ele destacou que a população global “não está sequer perto dos níveis de imunidade necessários para impedir a transmissão da doença."