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África evita “maior desastre” no combate à pandemia da Covid-19, diz OMS BR

Requerente de asilo na República Democrática do Congo com seus filhos depois de atravessar a fronteira para Uganda
Acnur/Rocco Nuri
Requerente de asilo na República Democrática do Congo com seus filhos depois de atravessar a fronteira para Uganda

África evita “maior desastre” no combate à pandemia da Covid-19, diz OMS

Ajuda humanitária

Com 12 mil mortes, continente tem mais óbitos por coronavírus em cinco meses que por ébola em dois anos; Organização Mundial de Saúde destaca o equipamento e proteção do pessoal de saúde como um dos pilares centrais da resposta à crise.
 

As infeções por Covid-19 em África transpõem a barreira dos 500 mil, numa altura em que o número de novos casos não deixa de subir em vários países.  

O vírus já ceifou cerca de 12 mil vidas, ultrapassando as 11 308 mortes causado pelo maior surto mundial do ébola verificado na Africa Ocidental entre 2014 e 2016.

O distanciamento social está sendo praticado em centro de reassentamento no distrito de Dondo, como parte dos esforços em Moçambique para combater a propagação da Covid-19.
Exemplo de distanciamento social em centro de reassentamento no distrito de Dondo,  Moçambique, para combater Covid-19, PMA/Rafael Campos

Ascensão

No último mês, os casos mais do que duplicaram em 22 países da região africana, dois terços dos quais são alvos da transmissão comunitária. Argélia, Egito, Gana, Nigéria e Africa do Sul são responsáveis por cerca de 71% dos novos casos. África do Sul tem 43% de todos os casos do continente.

Contudo, esta inclinação ascendente não é igual em todo o continente, alguns países registam uma subida estável, indicando uma tendência demorada da pandemia. Eritreia, Gâmbia, Mali, Seicheles e Togo testemunharam um longo período, tanto de duplicação de casos, como de baixa taxa de crescimento.

Seicheles não teve nenhum caso em quase dois meses, mas na semana passada registou uma dúzia de novos infeções, de fora, ligadas à tripulação de um navio de pesca internacional. 

A Organização Mundial da Saúde, OMS, foca sua intervenção no fornecimento de equipamento médico essencial, e na assistência técnica, tendo treinado, a distância, mais de 25 mil agentes de saúde.

Combate

A diretora para a África da Organização, Matshidiso Moeti, encoraja os países a reforçarem os testes, o rastreio dos contatos e o isolamento dos casos como forma de desacelerar a propagação do vírus para um nível manejável. Embora esteja convicta que a África tem conseguido, até ao momento, evitar o desastre, Moeti admite que a ameaça do Covid-19 continua a pôr sob pressão sistemas de saúde já frágeis em nível do continente.

Entretanto, os sinais de progresso são também bem patentes, uma vez que 10 países experimentaram uma tendência de redução ao longo dos últimos 30 dias. Embora seja responsável por 15% dos casos acumulados, o Egito registou uma quebra na semana passada.

Numa altura em que os países começam a aliviar as medidas de restrição, o Diretor da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al Mandhari alertou as pessoas a continuarem tão cautelosas e vigilantes como sempre para se protegerem, as suas famílias e comunidades.

Medidas preventivas

A lavagem das mãos, o uso de máscara e o distanciamento físico são chave para controlar a transmissão, salvar vidas, e garantir que sistemas de saúde já sobrecarregados não colapsem, lembrou ele.   

Cifras da OMS apontam que 88% das pessoas infetadas por Covid-19 em África têm entre 60 anos de idade ou menos. O facto de o continente dispor de uma população relativamente jovem é uma das razões evocadas pela Organização, segundo a qual, as possibilidades de morrer de Covid-19 sobem com o aumento da idade e a existência de doenças previas. 

O risco de morte entre pacientes com 60 anos de idade e mais é 10 vezes maior comparado com aqueles com menos 60.

 

 *Amatijane Candé para a ONU News.