Reunião de líderes mulheres defende renascimento da economia para Agenda 2030
Mesa redonda com economistas jovens contou com secretário-geral e vice-secretária-geral da ONU e debateu urgência de se adotar um modelo sustentável para o mundo pós-Covid; Guterres realçou crescimento da pobreza e da fome, além de uma geração inteira de crianças sem acesso à educação.
A pandemia da Covid-19 ameaça não somente a Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, mas avanços já alcançados em várias partes do mundo.
A declaração abriu a participação do secretário-geral da ONU numa mesa redonda sobre o renascimento da economia após a crise global, comandada por um grupo de jovens economistas.
Crianças
António Guterres avisou que se o mundo não agir agora, poderá enfrentar vários anos de depressão e de interrupções do crescimento econômico. Ele citou o aumento da pobreza e da fome e o colapso de sistemas de saúde. Além disso, advertiu para a falta de acesso à educação de uma geração inteira de crianças.
Guterres pediu um pacote de resgate para a crise que represente pelo menos 10% do valor total da economia global.
A ONU está participando de iniciativas, que já contam com 50 chefes de Estado e governo, para unir países e instituições financeiras internacionais assim como o setor privado, credores e agências da ONU.
Para Guterres, trata-se de uma crise humana que está se tornando uma crise financeira e de desenvolvimento. Segundo ele, qualquer resposta abrangente e global tem de centralizar o aspecto financeiro.
G-20
Países sem os meios para lutar contra a pandemia e investir em recuperação podem cair numa catástrofe de saúde e provocar uma recuperação global lenta. Muitos estão tendo que escolher entre
pagar suas dívidas externas ou proteger suas comunidades da pandemia.
O Grupo das 20 maiores economias do mundo, G-20, promoveu a suspensão do pagamento da dívida de alguns países. Para Guterres, a ação tem que ser ampliada a outras nações.
O secretário-geral ressaltou o caos criado pela pandemia a cadeias de fornecimento e comércio, e o que ele chamou de risco de que algumas operações de manufaturados voltem para os países desenvolvidos, reduzindo assim os recursos das nações pobres, que por sua vez poderão perder a integração na economia global.
Mercados financeiros
Uma outra consequência da crise da Covid-19 é a redução de remessas de migrantes a países em desenvolvimento, onde muitas famílias dependem inteiramente do dinheiro enviado de fora.
António Guterres voltou a mencionar a força da liderança feminina ao dizer que apenas 10% das chefes de Estado e governo são mulheres, mas que elas têm tomado medidas efetivas na resposta ao vírus. Ele citou a participação das economistas entre os mais inovadores e importantes profissionais do setor.
Ao assumir a palavra, a vice-secretária-geral, Amina Mohammed, que também participou do encontro, disse que teve a ideia de organizar o evento com as mulheres líderes por acreditar que elas são capazes de imaginar e produzir um mundo onde os valores e o comércio sejam mais sustentáveis e justos.
Mohammed contou que é preciso persuadir credores e agências de risco. Para ela, é preciso criar uma parceria com os mercados financeiros e atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Globalização
A vice-chefe da ONU afirmou que ao fazer renascer a economia, é preciso acabar com a desigualdade e a degradação ambiental.
Para ela, a nova economia global tem que se basear no consumo sustentável e produção que conceda acesso e oportunidades a todos no futuro.
Mohammed acredita que a globalização e os mercados liberais falharam, mas não existe uma alternativa no momento, e que para isso é preciso criar uma que possa colocar o planeta e as pessoas em primeiro lugar.
A próxima mesa redonda com as líderes mulheres será em 3 de setembro.
As propostas serão discutidas com vários grupos liderados pelos países-membros da ONU e apoiados por agências da organização e outras entidades. O trabalho final será analisado por um grupo de ministros das Finanças e chefes de governo ainda este ano.