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Quase metade dos habitantes do planeta vivem com degradação do solo BR

Crianças no Chade plantam uma árvore de acácia.
Pnud Chad/Jean Damascene Hakuzim
Crianças no Chade plantam uma árvore de acácia.

Quase metade dos habitantes do planeta vivem com degradação do solo

Clima e Meio Ambiente

Número equivale a 3,2 bilhões de pessoas; no Dia de Combate à Desertificação e à Seca, secretário-geral da ONU afirma que “a saúde da Humanidade depende da saúde do planeta”; António Guterres sugere “um novo contrato com a natureza”.

Cerca de 70% dos solos terrestres foram transformados pela atividade humana, mas o mundo pode reverter esta tendência, afirmou esta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres. 

Em mensagem para o Dia de Combate à Desertificação e à Seca, o chefe das Nações Unidas disse que resolver este problema pode “trazer soluções para uma ampla gama de desafios desde a migração forçada e a fome até as mudanças climáticas.”

Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio
Seca em Angola deixou famílias desesperadas e crianças sem tempo para educação., by © Unicef Angola/2019/Carlos César

Planeta

Guterres afirmou que “a saúde da Humanidade depende da saúde do planeta” e, hoje, “o planeta está doente.” A degradação dos solos afeta cerca de 3,2 bilhões de pessoas, mas já existem projetos fazendo a diferença.

Na região africana do Sahel, por exemplo, o Grande Corredor Verde está a transformar vidas e meios de subsistência, do Senegal ao Djibouti. Com a recuperação de 100 milhões de hectares de solos degradados, mantém-se a segurança alimentar, a subsistência das famílias e são criados empregos. 

António Guterres diz que “tais esforços trazem de volta a biodiversidade, reduzem os efeitos da mudança climática e tornam as comunidades mais resilientes.” Contas feitas, segundo o secretário-geral, os benefícios superam os custos em dez vezes.

Contrato

Esse ano, o tema do dia destaca as ligações entre o consumo humano e os solos.  O objetivo é mudar as atitudes do público em relação ao principal fator de desertificação e degradação da terra.

À medida que a população humana aumenta, se tornando mais rica e mais urbana, cresce a demanda por terras para fornecer alimentos, ração animal e fibras para produzir roupas. Ao mesmo tempo, a saúde e a produtividade das terras estão em declínio, agravadas pelas mudanças climáticas.

Guterres marca Dia de Combate à Desertificação e à Seca

A ONU estima que o planeta terá 10 bilhões de habitantes até 2050. Para atender as demandas de todas estas pessoas, os estilos de vida precisam mudar. António Guterres apela “a um novo contrato com a natureza.”

Segundo ele, através da ação e da solidariedade internacionais, é possível “aumentar a recuperação dos solos e as soluções baseadas na natureza para a ação climática e o benefício das gerações futuras.”

O chefe da ONU afirma que, se a comunidade internacional tiver sucesso nesse novo compromisso, conseguirá atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e cumprir o objetivo de não deixar ninguém para trás.