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ONU lança iniciativa para ajudar combate à desertificação

Cerca de 40% da superfície terrestre não cobertas por gelo estão degradadas
Foto ONU: Jeanette Van Acker
Cerca de 40% da superfície terrestre não cobertas por gelo estão degradadas

ONU lança iniciativa para ajudar combate à desertificação

Clima e Meio Ambiente

Partilha de dados sobre solos pretende combater mudanças climáticas; políticos terão acesso a informação mais relevante para tomar decisões; 119 governos comprometeram-se a tomar as medidas necessárias para travar degradação da terra.

O Grupo de Observações da Terra, GEO, uma parceria apoiada pela ONU para melhorar a partilha de dados de observação da Terra, lançou uma iniciativa global para reverter a crise ”criada pela desertificação e degradação do solo.”

A principal meta é que os chamados “dados de qualidade” sejam transferidos para responsáveis por decisões nacionais e locais, para que estes possam ser usados de maneira mais efetiva no terreno.

Iniciativa

Segundo as Nações Unidas, até 2025, 1,8 bilhão de pessoas sofrerão com escassez absoluta de água, e dois terços do mundo viverão sob condições de estresse hídrico.
Parceria apoiada pela ONU pretende melhorar a partilha de dados de observação dos solos para reverter a crise criada pela desertificação e degradação do solo.
​​​​​​​Foto Ifad/ Qilai Shen

Em setembro, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, Unccd, pediu o apoio do GEO.

O resultado é a Iniciativa de Neutralidade da Degradação da Terra, apresentada no Congresso do GEO de 2018, em Quioto, esta quinta-feira.

A neutralidade da degradação dos solos é definida pela Unccd como a melhoria e o aumento da qualidade e da quantidade dos recursos da terra que são necessários para apoiar o ecossistema e aumentar a segurança alimentar.

O novo compromisso reúne fornecedores de informação de todo o mundo para fortalecer o monitoramento e a geração de relatórios, permitindo que os governos tenham acesso a dados de qualidade e gerenciem melhor a terra.

Compromisso

Para a secretária executiva da Unccd, Monique Barbut, “a degradação da terra é uma crise existencial. Até agora, monitorá-la em tempo real parecia um desafio insuperável. Agora é possível.”

A representante acredita que com os dados de observação da Terra e as ferramentas práticas para usá-los prontamente, “os que tomam decisão e os que exploram a terra terão informações imediatas para ampliar a administração e planejamento sustentáveis da Terra. É um primeiro passo para aumentar nossa resiliência.”

Até ao momento, 119 governos comprometeram-se a tomar as medidas necessárias para evitar, interromper e reverter a degradação da terra para garantir que a quantidade das terras produtivas estabilize até 2030.

Ação climática

A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, Unccd, diz que a qualidade da terra está a degradar-se em quase todos os países do mundo, 169 no total.

As consequências relacionadas são a perda de vida selvagem, o deslocamento interno de populações e a migração forçada.

A Unccd considera que “sem uma ação climática global e nacional urgente”, a África Subsaariana, o sul da Ásia e a América Latina poderam assistir ao movimento de mais de 140 milhões de pessoas dentro das suas fronteiras 2050.  Uma realidade que aumentará a disputa de território.