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EUA e China dominam concentração de riqueza na economia digital  

Jovens na Malásia usando seus celulares
Unicef/Fara Zahri
Jovens na Malásia usando seus celulares

EUA e China dominam concentração de riqueza na economia digital  

Desenvolvimento econômico

Em novo relatório, ONU recomendadiz que são necessários esforços globais para distribuir benefícios do setor; diferenças e desigualdades entre países aumentarão se situação não for resolvida.

São necessários esforços globais para distribuir os ganhos da economia digital e fazer chegar esses benefícios a pessoas excluídas desses recursos, afirma um novo relatório das Nações Unidas.

A Conferência da ONUdas Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, lançou seu primeiro Relatório de Economia Digital esta quarta-feira. A pesquisa destaca “enormes ganhos potenciais e possíveis custos de desenvolvimento, à medida que o mundo se move, se conecta e compra on-line.”

Concentração

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Segundo o relatório, a criação de riqueza na economia digital está altamente concentrada nos Estados Unidos e na China. O resto do mundo, especialmente países da África e da América Latina, estão muito atrás.

Estes dois países possuem 75% de todas as patentes relacionadas à tecnologia blockchain e 50% dos gastos na chamada Internet das Coisas, IoT, na sigla em inglês. 

As duas economias também detêm mais de 75% do mercado de computação em nuvem e representam 90% da capitalização de mercado das 70 maiores empresas de plataformas digitais.

No relatório, o secretário-geral da ONU disse que é provável que essa trajetória continue e contribua ainda mais para o aumento da desigualdade.

Para António Guterres, é preciso “trabalhar para fechar a lacuna digital, onde mais da metade do mundo tem acesso limitado ou inexistente à internet.”

Novo Mundo Digital

OPor sua vez, o secretário-geral da Unctad afirmou que é necessário “responder ao desejo das pessoas nos países em desenvolvimento de participar do novo mundo digital.”

Segundo Mukhisa Kituyi, estas pessoas não desejam participar “apenas como usuários e consumidores, mas também como produtores, exportadores e inovadores, para criar e capturar mais valor.”

Plataformas

As empresas que constroem plataformas digitais têm uma grande vantagem. O relatório afirma que 40% das 20 empresas com maior capitalização de mercado têm um modelo de negócios baseado em plataformas.

Sete grandes plataformas representam dois terços do valor total de mercado. Estas empresas são a Microsoft, Apple, Amazon, Google, Facebook, Tencent e Alibaba.

Algumas plataformas dominam os principais nichos na internet. O Google possui cerca de 90% do mercado de pesquisas na internet, enquanto o Facebook tem dois terços do mercado global de redes sociaismídia social.

A pesquisa afirma que “essas empresas estão consolidando agressivamente suas posições competitivas, incluindo a aquisição de concorrentes e a expansão para produtos ou serviços complementares.” Também estão “fazendo lobby nos círculos de elaboração de políticas nacionais e internacionais e estabelecendo parcerias estratégicas com multinacionais líderes nos setores tradicionais.”

Fornecedores

A pesquisa alerta que os países em desenvolvimento correm o risco de se tornar meros fornecedores de dados, enquanto pagam pela inteligência digital gerada usando esses mesmos dados.

Segundo o relatório, se o problema “não for abordado, o fosso entre os países aumentará e as desigualdades serão exacerbadas.”

Os autores afirmam que para “quebrar esse círculo viciosovícios” é preciso “encontrar uma configuração alternativa da economia digital que leve a resultados mais equilibrados e a uma distribuição mais justa dos ganhos.”

Governo

Os governos têm um papel crítico, que inclui a mudança de políticas, leis e regulamentos já existentes e criação de novas ferramentas.

O secretário-geral da Unctad afirma que "é necessário acolher as novas tecnologias de forma inteligente, desenvolver parcerias aprimoradas e ter uma maior liderança intelectual para redefinir estratégias de desenvolvimento digital e os contornos futuros da globalização."