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Perito brasileiro colabora em primeiro painel da ONU para construir futuro digital inclusivo BR

O brasileiros Edson Prestes é um dos 20 participantes do Painel de Alto Nível sobre Cooperação Digital.
ONU News
O brasileiros Edson Prestes é um dos 20 participantes do Painel de Alto Nível sobre Cooperação Digital.

Perito brasileiro colabora em primeiro painel da ONU para construir futuro digital inclusivo

Desenvolvimento econômico

Edson Prestes, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, é um dos 20 participantes do Painel de Alto Nível sobre Cooperação Digital; grupo apresentou relatório com recomendações em Nova Iorque.

Cerca de metade da população mundial tem acesso limitado ou inexistente à internet. A informação faz parte de um relatório divulgado esta semana pelo Painel de Alto Nível sobre Cooperação Digital.

O grupo, presidido por Melinda Gates, dos Estados Unidos, e pelo chinês Jack Ma, da empresa Alibaba, conta com mais de 20 membros de vários países. Entre eles, o brasileiro Edson Prestes, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.

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As novas tecnologias, a chamada quarta revolução industrial é outra ameaça que para Guterres terá impactos muito significativos, “especialmente no mercado de trabalho”. , by ITU/D. Procofieff

Relatório

Prestes, que coordena o Grupo de Pesquisa em Robótica da Ufrgs, esteve presente no lançamento do relatório, na sede das Nações Unidas. Em entrevista à ONU News, em Nova Iorque, ele explicou que o material procurou avaliar a tecnologia do ponto de vista mais amplo possível.

“Olhando não somente os aspectos positivos como negativos, e nessas discussões, nós levantamos aspectos relacionados a capacitação, como as pessoas devem estar preparadas para o futuro. Aspectos relacionados aos direitos humanos, as possíveis violações que a tecnologia pode conduzir, dos direitos humanos. Como proteger os humanos, aspectos relacionados à segurança, nós levamos em consideração aspectos relacionados à inclusão no ambiente digital, e, aspectos relacionados a como gerir este tipo de informação, a como estabelecer uma cooperação global para que as nossas linhas consigam fluir suavemente.”

Painel

A criação do primeiro painel sobre o tema foi anunciada em julho de 2018 pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O objetivo foi mapear as tendências das tecnologias digitais, identificar as brechas e oportunidades, além de delinear propostas para fortalecer a cooperação internacional.

Segundo Prestes, o novo relatório também aborda questões como privacidade dos usuários, a interação entre as pessoas e as mudanças das novas tecnologias na área trabalhista.

“A área trabalhista é superimportante, porque como é que essas pessoas vão estar, vão ser capacitadas, elas vão estar preparadas para esse novo futuro. Nós sabemos que a educação atual, ela não é uma educação adequada. Ela não é uma educação adequada por vários motivos. Ou seja, ela não está preparada, ela não está focada para o que o futuro pode trazer. E nesse sentido, existem várias linhas de pensamento que dizem que nós temos de investir na área de Stem, ou seja, ciência, tecnologia, engenharia e matemática, e existem algumas discussões sobre a inclusão de artes. Mas no meu ponto de vista, isso não nos leva a uma situação onde essa pessoa vai estar adequada para o futuro, porque ela forma pessoas muito técnicas. Nós precisamos ter outros mecanismos que estimulem a criatividade da pessoa, a resolução de problemas, o relacionamento interpessoal, e assim por diante.”

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Recomendações

O relatório faz um apelo para revigorar a cooperação multilateral, recomendando que seja envolvido um grupo muito mais diversificado de partes interessadas, como sociedade civil, acadêmicos e setor privado.

Prestes destacou a importância desta área para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.

“Nós temos 11 recomendações. Ou seja, nós temos recomendações falando sobre economia e sociedade digital inclusiva. Ou seja, se nós quisermos oferecer oportunidades para todo mundo, todo mundo tem que ter acesso a internet. Tem que ter acesso a todos os benefícios que o mundo digital pode oferecer. E isso é um dos principais elementos. Ou seja, a primeira recomendação ela diz o seguinte: que em 2030, todo o adulto deve ter acesso as reder digitais, assim como serviços de saúde e financeiros que estejam habilitados a esse domínio, como um mecanismo para fazer uma contribuição substancial ao desenvolvimento dos ODSs. Ou seja, esse é um dos pontos superimportantes. Porque se nós não tivermos esse acesso, nós não vamos ter uma transformação digital que atinja todos e tenha igual efeito a todos.”

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Jovens e mulheres devem ser um dos focos para aumentar o alcance das tecnologias digitais, by UNICEF

Educação

Prestes disse acreditar que neste sentido, os países que quiserem ter um bom futuro, precisam investir em educação.

“Eu sempre costumo dizer que país que não investe em educação é um país condenado. Então, se você não investir em educação, você está condenado. Sendo de repente um pouquinho mais radical no meu pensamento, mas é como se você fosse colonizado. Porque você não está desenvolvendo tecnologia, você não está desenvolvendo ciência. Você simplesmente está absorvendo, ou você está deixando, outras pessoas tomarem decisão por você mesmo. Então, se você não investe em educação, que tipo de pessoa você vai estar formando. Você não vai estar formando uma pessoa que vai conseguir contribuir de uma forma significativa nesse debate. Que vai conseguir no desenvolvimento de novas tecnologias. É muito mais provável que você seja mais uma pessoa que vai absorver essas tecnologias do que alguém que vai realmente ter uma posição ativa, uma voz ativa. E nesse sentido, a universidade, ela é fundamental.”

O professor acrescentou que a educação precisa ser repensada e que é preciso uma visão mais holística desse setor.

Para o especialista, é preciso formar profissionais mais completos que além da capacidade técnica, também possam olhar para “os aspectos humanos” e “compreender as pessoas”, identificando valores e princípios e que possam incorporar estes à tecnologia.