ONU lamenta morte de cerca de 150 pessoas no “pior naufrágio deste ano no mar Mediterrâneo”

Secretário-geral defende segurança e dignidade para todo migrante que procura uma vida melhor; mais de 100 pessoas que estavam a bordo da embarcação que afundou na costa da Líbia foram resgatadas.
O secretário-geral da ONU disse estar “horrorizado” com relatos da morte de cerca de 150 pessoas após um naufrágio ocorrido esta quinta-feira na costa da Líbia.
Em nota emitida pelo seu porta-voz, António Guterres disse que também está preocupado com relatos de que muitos dos sobreviventes resgatados pela guarda costeira da Líbia foram colocados no centro de detenção migratório de Tajoura.
O local está próximo de uma instalação militar e foi atingido por um ataque aéreo que resultou em mais de 50 mortes no dia 2 de julho. Guterres reitera que a Líbia não é um país seguro para asilo e que os refugiados devem ser tratados com dignidade e respeito, e de acordo com o direito internacional.
Em nota anterior, o chefe da ONU destacou que é preciso haver rotas seguras e legais para migrantes e refugiados. O chefe da ONU destaca ainda que todo migrante que busca uma vida melhor merece segurança e dignidade.
Várias agências das Nações Unidas também reagiram ao que já é considerado o pior naufrágio ocorrido este ano no mar Mediterrâneo.
O diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, António Vitorino, e o alto comissário para Refugiados, Filippo Grandi, pediram o retorno dos resgates no mar, o fim da detenção de refugiados e migrantes na Líbia e a implementação de rotas mais seguras fora do país.
Ambos receiam que “seja muito tarde” para muitas pessoas em desespero.
A diretora executiva do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, revelou que no grupo que seguia na embarcação estavam muitas mulheres e crianças, algumas delas desacompanhadas. Henrietta Fore também mencionou que mais de 100 migrantes que estavam a bordo foram resgatados.
A chefe do Unicef destaca que as pessoas salvas retornavam a Trípoli, onde a violência dos últimos meses tornou a situação cada vez mais desesperadora e perigosa.
Fore disse que perante casos contínuos de abuso, violência, maus tratos e morte, nenhuma criança deve ser mantida nesses centros de detenção na Líbia.
A representante ressaltou ainda que os esforços de busca e salvamento no Mediterrâneo devem ser retomados, que a detenção arbitrária deve acabar e que precisa ser garantido que refugiados e migrantes saiam de centros de detenção em áreas urbanas e possam ir para locais abertos ou fora do país.
Viagens
Fore apontou que sem uma ação urgente, crianças continuarão perdendo a vida fazendo essas viagens.
De acordo com a OIM, 36.670 migrantes e refugiados entraram na Europa por via marítima até 24 de julho. O número representa uma queda de aproximadamente 35% em relação aos 54.978 que chegaram no mesmo período do ano passado.