Bachelet pede a governo da Venezuela que liberte prisioneiros
Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos terminou visita de três dias a convite do governo de Nicolas Maduro; representante afirmou que “destino de mais de 30 milhões de venezuelanos depende da disposição e da capacidade da liderança de colocar os direitos humanos do povo à frente de qualquer ambição pessoal, ideológica ou política.”
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu este sábado que o governo da Venezuela liberte todas as pessoas detidas por protestos pacificos e anunciou que um grupo do seu gabinete ficará no país para monitorizar a situação de direitos humanos.
A mensagem de Bachelet foi publicada no final de uma visita de três dias à nação sul-americana, a convite do governo de Nicolas Maduro.
Vítimas

A alta comissária mostrou preocupação com “a continua criminalização de protestos e dissidências pacíficas” e disse que, nos encontros com vítimas e famílias, “ficou dolorosamente claro o profundo anseio por justiça por graves violações dos direitos humanos.”
Segundo ela, o governo concordou que a equipa que ficará no país “terá acesso total aos centros de detenção para poder monitorar as condições e falar com os detidos.” Bachelet teve encontros com o presidente Maduro e ministros, além do líder da oposição, Juan Guaido, que se declarou presidente interino em janeiro.
A chefe de direitos humanos disse que conheceu “vítimas de violações de direitos humanos e de suas famílias”, incluindo a mãe cuja criança de 14 anos de idade foi baleada durante manifestações em 30 de abril deste ano e “pessoas que sofreram terríveis torturas durante a detenção.”
Segundo ela, todos relataram "quão surpreendentemente a situação humanitária na Venezuela se deteriorou, inclusive no que diz respeito aos direitos à alimentação, água, saúde, educação e outros direitos econômicos e sociais".
Necessidades
A chefe de direitos humanos disse que a situação de saúde “continua sendo extremamente crítica”, citando custos crescentes, falta de disponibilidade de medicamentos e um aumento na gravidez na adolescência, com taxas de mortalidade materna e neonatal aumentando.
Bachelet destacou um aumento da presença das agências das Nações Unidas e disse ter discutido a necessidade de abordar as causas das múltiplas crises, expressando também preocupação com o efeito paralisante das sanções impostas pelos Estados Unidos às exportações de petróleo e comércio de ouro, que “estão exacerbando e agravando a crise econômica pré-existente”.
Ela pediu aos líderes "em todo o espectro" para encontrar uma maneira de aliviar o sofrimento das pessoas, dizendo que "as crises só podem ser resolvidas através da participação significativa e sincera e inclusão de atores de vários setores da sociedade."
A representante terminou a mensagem dizendo que “o destino de mais de 30 milhões de venezuelanos depende da disposição e da capacidade da liderança de colocar os direitos humanos do povo à frente de qualquer ambição pessoal, ideológica ou política.”