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Investimento em energias renováveis supera US$ 288 bilhões e ultrapassa combustíveis fósseis

Sistema solar, em Malakal, que permite extrair cerca de meio milhão de litros de água todos os dias
OIM/Angela Wells
Sistema solar, em Malakal, que permite extrair cerca de meio milhão de litros de água todos os dias

Investimento em energias renováveis supera US$ 288 bilhões e ultrapassa combustíveis fósseis

Clima e Meio Ambiente

Investimento no Brasil representa 1% do total global; total de 2018 representa queda de 11% em relação ao ano anterior causada por baixa no preço das tecnologias de energia solar; valores subiram na maior parte dos países de baixa renda e na Europa.

Pelo quinto ano consecutivo, o investimento em energia renovável ultrapassou os US$ 250 bilhões, chegando a US$ 288,9 bilhões.

O relatório anual Estado Global da Renováveis revela que esse total supera os valores investidos em combustíveis fósseis. O documento foi produzido pela Bloomberg New Energy Finance e a REN21, dois parceiros das Nações Unidas.

Aumento

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Segundo a pesquisa, o investimento aumentou 6% na maior parte dos países de baixa renda atingindo um valor recorde de US$ 61,6 bilhões. O mesmo aconteceu na Europa, onde cresceu para 39%, chegando a US$ 61,2 bilhões.

O ano 2018 foi o nono consecutivo em que se ultrapassou US$ 200 bilhões de investimentos. O valor não inclui a energia hidrelétrica acima de 50MW, onde foram investidos US$ 16 bilhões.

Segundo a pesquisa, a queda no investimento em 2018 é parcialmente explicada pela descida nos custos da tecnologia em energia solar fotovoltaica e por uma desaceleração na implantação de energia solar na China.

Se a China for excluída, o investimento no mundo em desenvolvimento aumentou 6%, para US$ 61,6 bilhões, um novo recorde.

Setores

Globalmente, a energia solar continua o maior foco de investimento, com US$ 139,7 bilhões, uma descida de 22%. O investimento em energia eólica aumentou 2%, para US $ 134,1 bilhões. Os outros setores ficaram muito atrás, embora o investimento em biomassa e desperdício de energia tenha aumentado 54%, para US $ 8,7 bilhões.

A diretora executiva do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, disse que “as tendências globais continuam indicando que investir em energia renovável é investir em um futuro lucrativo.”

Segundo Inger Andersen, os investimentos em energia renovável em 2018 foram três vezes maiores do que o valor investido em novas geradoras a carvão e a gás, que chegaram a US$ 95 bilhões.

Segundo a representante, "embora isso seja encorajador, é preciso intensificar de forma significativa o ritmo para atingir as metas internacionais de clima e desenvolvimento."

Líderes

Painéis solares em vila do Sri Lanka

A China liderou o investimento mundial pelo sétimo ano consecutivo, com US$ 91,2 bilhões.  No entanto, o valor representa uma queda de 37% em relação ao recorde do ano anterior.

No total, a China foi responsável por 32% do investimento global total, seguida pela Europa com 21%, os Estados Unidos com 17% e a Ásia-Oceania, excluindo a China e a Índia, com 15%. Seguiu-se a Índia com 5%, o Oriente Médio e a África com 5%, as Américas, excluindo o Brasil e os Estados Unidos, com 3% e o Brasil com 1%.

O editor da Bloomberg New Energy Finance, Angus McCrone, disse que “quando o investimento global cai, é fácil pensar que se está caminhando para trás, mas esse não é o caso.”

O especialista afirmou que “a energia renovável está ficando menos cara e a atividade de investimento nas energias eólica e solar está crescendo para mais países da Ásia, Europa Oriental, Oriente Médio e África.”

Regiões

A subida de 39% na Europa foi impulsionada em grande parte por grandes investimentos eólicos e offshore.

Nos Estados Unidos, o aumento de 1%, para US$ 48,5 bilhões, representa o nível mais alto desde 2011, e foi impulsionado por um aumento no financiamento de energia eólica.

O investimento na região Ásia-Pacífico, excluindo China e Índia, aumentou 6%, para US$ 44,2 bilhões, o nível mais alto em três anos. O Oriente Médio e a África registraram um salto de investimento de 57%, para um recorde de US$ 15,4 bilhões. Por outro lado, nas Américas, excluindo o Brasil e os Estados Unidos, o investimento caiu 23%, para US$ 9,8 bilhões.