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Subsecretário-geral alerta para maior sofrimento dos sírios com o inverno

Atualmente, milhões de pessoas vivem sob tendas, lonas ou em edifícios danificados, sem energia ou aquecimento, com grave escassez de recursos.
Acnur/ Diego Ibarra Sánchez
Atualmente, milhões de pessoas vivem sob tendas, lonas ou em edifícios danificados, sem energia ou aquecimento, com grave escassez de recursos.

Subsecretário-geral alerta para maior sofrimento dos sírios com o inverno

Ajuda humanitária

Mark Lowcock informou o Conselho de Segurança sobre degradação da situação humanitária; 3 milhões de pessoas estão retidas na região de Idlib; ONU está a fazer avaliação exaustiva das necessidade humanitárias para 2019.

O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, informou o Conselho de Segurança esta quarta-feira sobre como “o povo da Síria está a sofrer com o inverno rigoroso.”

Lowcock explicou que as temperaturas baixas e as chuvas fortes estão a destruir abrigos, forçando dezenas de milhares de pessoas a deslocarem-se.

Assistência Humanitária

Atualmente, milhões de pessoas vivem sob tendas, lonas ou em edifícios danificados, sem energia ou aquecimento, com grave escassez de recursos.

Segundo o responsável, desde o final do ano passado, as Nações Unidas e os seus parceiros têm angariado fundos para apoiar os sírios em todo o país com materiais vitais para lidar com o inverno, incluindo lonas de plástico para reforçar abrigos, fogões e combustível para aquecimento, cobertores, casacos e roupas de inverno. O representante afirmou que foram angariados US$ 81 milhões, o que “permitiu ajudar 1,2 milhão de pessoas.”

Idlib

Lowcock destacou a situação que se vive na região de Idlib e áreas vizinhas, no noroeste da Síria.
Lowcock destacou a situação que se vive na região de Idlib e áreas vizinhas, no noroeste da Síria.Foto ONU/ Loey Felipe

Lowcock destacou a situação que se vive na região de Idlib e áreas vizinhas, no noroeste da Síria, onde três milhões de pessoas “simplesmente não têm mais para onde fugir caso haja uma incursão militar em grande escala”, depois de em janeiro ter havido “um aumento na luta entre grupos armados não estatais, colocando civis em risco e resultando em ferimentos e mortes.”

O Conselho de Segurança autorizou a extensão do apoio da ONU à região de Idlib, o que segundo o subsecretário-geral permitiu que “centenas de milhares de pessoas fossem alcançadas com assistência vital” mas reforçou a ideia de que é necessário “continuar a fornecer alimentos, medicamentos, tendas e outras formas de ajuda.”

Fronteira com Jordânia

Lowcock informou que cerca de 42 mil pessoas permanecem presas em Rukban, ao longo da fronteira entre a Síria e a Jordânia. As condições neste assentamento improvisado continuam a deteriorar-se.

A ONU tem estado envolvida para garantir que mais assistência humanitária chegue aquela região e planeia organizar um corredor humanitário que, segundo o representante, “incluirá mais de 100 camiões com apoio alimentar, de saúde, e saneamento.”

Em relação ao nordeste do país, o responsável disse estar preocupado com o impacto humanitário das operações militares em curso no sudoeste de Deir-ez-Zor, onde milhares de pessoas foram deslocadas e um número desconhecido permanece preso sob o controle do Estado Islâmico. Ele adiantou que “ataques aéreos contínuos e intensos e combates em terras causaram dezenas de baixas civis e danificaram infraestruturas essenciais.”

Avaliação

O representante afirmou que em 2018 foram angariados US$ 81 milhões, o que permitiu ajudar 1,2 milhão de pessoas.
O representante afirmou que em 2018 foram angariados US$ 81 milhões, o que permitiu ajudar 1,2 milhão de pessoas.
Acnur/Reprodução

Outra preocupação dos agentes da ONU é “o risco inaceitável que minas, artefactos explosivos não detonados e outros explosivos perigosos” continuam a representar em toda a Síria.

Por isso, Lowcock congratulou-se por informar o Conselho de Segurança de que o Serviço de Ação Contra Minas das Nações Unidas lançou recentemente o seu primeiro projeto em Damasco, com “25 jovens sírios, homens e mulheres, a serem treinados sobre riscos de explosão.”

O também responsável pela coordenação de Ajuda de Emergência explicou ainda que as organizações humanitárias estão totalmente mobilizadas em toda a Síria para atender às necessidades da população.

Neste momento, está a ser finalizada a “Visão Geral das Necessidades Humanitárias de 2019” para garantir que o Plano de Resposta Humanitária seja concluído antes da próxima conferência sobre a Síria, que terá lugar em Bruxelas.

Lowcock terminou o seu relatório dizendo que “a avaliação continua a ser fundamental para os esforços da ONU.” Segundo ele, “nos últimos três meses de 2018, a ONU, com o acordo do Governo sírio, realizou quase mil missões em toda a Síria, 75 por cento das quais com o objetivo de avaliar as necessidades em maior detalhe e “relatar com credibilidade aos doadores como as suas doações estão a ser utilizadas.”