Davos: Guterres chama o mundo para inverter situação que pode ser “receita para desastre” BR

Em declaração no Fórum Econômico Mundial, secretário-geral disse que economia global é marcada por abrandamento, problemas e riscos no horizonte; António Guterres alertou sobre perda da corrida em relação às mudanças climáticas.
O secretário-geral das Nações Unidas fez a sua declaração nesta quinta-feira no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, onde começou traçando a situação global.
António Guterres disse que pode caracterizar o estado do mundo com desafios globais cada vez mais integrados e respostas cada vez mais fragmentadas. Para o chefe da ONU, se essa situação não for invertida é uma “receita para o desastre”.
Em relação à economia global, o secretário-geral destacou que esta é marcada pelo “abrandamento, nuvens escuras e riscos no horizonte”. Sobre como esses fatores se relacionam, ele disse que as tensões comerciais têm essencialmente conexão com a tensão política.
O chefe da ONU acrescentou que a questão da dívida limita a capacidade dos países de responderem às crises e alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. Ele destacou ainda que “os sistemas políticos não sabem exatamente o que fazer”.
Guterres voltou a alertar que o mundo está “perdendo a corrida” em relação à mudança climática. O representante apelou aos governos que assumam compromissos mais arrojados, para além do Acordo de Paris.
Guterres destacou que a mudança climática é a questão que define o nosso tempo sendo “absolutamente fundamental reverter essa tendência".
Depois da COP24, realizada em dezembro na Polônia, onde foi adotado o Plano de Implementação do Acordo de Paris, Guterres disse que “não estava esperançoso” que as nações encontrassem a determinação necessária para avançar.
Segundo o secretário-geral, “é preciso vontade política e que governos entendam que essa é a prioridade mais importante de nossos tempos”.
Guterres também destacou o tema numa transmissão ao vivo do Facebook, dizendo que os compromissos assumidos em Paris já são suficientes e “se o que foi concordado fosse materializado, a temperatura subiria mais de 3 graus Celsius.”
O chefe da ONU disse é preciso que os países assumam compromissos mais fortes em relação às alterações climáticas e pediu mais medidas para mitigação, adaptação e ajuda financeira para os países mais pobres.
Na declaração durante o Fórum, ele também destacou temas como a globalização e o aumento das desigualdades “mesmo dentro dos países”. Para o chefe da ONU, os efeitos dessa situação incluem a redução de confiança nas instituições.
Guterres falou ainda da desigualdade no crescimento económico e a estagnação da expansão per capita dos países em desenvolvimento. Ele alertou que a desigualdade é o fator que aumenta os conflitos.
Para o secretário-geral, o mundo enfrenta uma multiplicação de conflitos e ainda não é multipolar.