Estudantes migrantes e deslocados que aumentaram desde 2000 podem ocupar 500 mil salas de aula
Exemplos de Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal aparecem em estudo sobre inclusão de migrantes na educação; Unesco revela que países de baixa e média rendas recebem 89% dos refugiados, mas não têm recursos para satisfazer necessidades de ensino.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Unesco, apresentou um novo estudo em Berlim recomendando que sejam protegidos os direitos à educação de migrantes e deslocados.
O Relatório de Monitoramento da Educação Global 2019 tem o título Migração, deslocamentos e educação. O documento pede a inclusão em sistemas de educação e que os países levem em conta as necessidades educacionais destes grupos.
Brasil
![Congoleses no acampamento em Lóvua, Angola. Congoleses no acampamento em Lóvua, Angola.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/assets/2018/10/31-10-2018_Lovua_+Refugees2_Unhcr_Angola.JPG/image560x340cropped.jpg)
O estudo apresentado esta terça-feira coloca o Brasil ao lado do Canadá porque nesses países há uma diferença de menos de 20% entre imigrantes e cidadãos com educação superior.
O relatório revela ainda que cidades podem ter um papel importante em prol da inclusão. A cidade de São Paulo é mencionada por lançar a campanha Há Um Lugar para Todos em 2017, e por ter criado o Conselho Municipal de Migrantes envolvendo o grupo na vida política local e promovendo seus direitos.
O Brasil também é citado pelo subsídio dado a 101 mil estudantes de ensino superior estudando no exterior, em áreas relevantes para a economia nacional no Programa Brasileiro de Mobilidade Científica.
Moçambique e Cabo Verde
No relatório, Moçambique aparece citado pelos desafios de qualificação. Quanto aos estudantes moçambicanos no exterior, o país é um dos que contribui para que migrantes estudando na África do Sul sejam 75% dos alunos do país, entre 2011 e 2016.
O estudo também faz referência a Cabo Verde pelo programa misto de ensino vocacional e alfabetização de adultos para migrantes africanos. No arquipélago triplicou o número de cidadãos vindos da África Ocidental e foi criada a iniciativa Promoção da Alfabetização e Formação de Imigrantes para o período 2016 a 2020.
![Criança em escola de Idlib, na Síria, vítima de ataques. Criança em escola de Idlib, na Síria, vítima de ataques.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/assets/2018/08/13-08-2018-UNICEF+-Syria-Idleb-school-UN055730.jpg/image560x340cropped.jpg)
Pelo menos 98% dos participantes completaram com sucesso o primeiro ano do curso que oferece alfabetização, língua portuguesa e formação profissional em áreas como competências em informáticas e carpintaria.
Portugal
Portugal aparece ao lado da Grécia, da Noruega e da Suécia por permitir que candidatos a asilo tenham trabalho.
A Unesco indica que o número de crianças migrantes e deslocadas em idade escolar aumentou 26% desde 2000. Este número pode ocupar meio milhão de salas de aula.
O relatório revela que o direito dessas crianças terem uma educação de qualidade é cada vez mais reconhecido no papel, mas negado por alguns governos em salas de aula e pátios de escolas.
Dois anos após a Declaração de Nova Iorque para Refugiados e Migrantes, a agência revelou que refugiados perderam 1,5 bilhão de dias de escola.
Sistemas Nacionais
Metade de pessoas forçadas a se deslocar no mundo tem menos de 18 anos e muitos países as excluem de seus sistemas nacionais de educação. Crianças em busca de asilo em detenção em países como Austrália, Hungria, Indonésia, Malásia e México recebem acesso limitado à educação.
![O novo currículo pode vir a ser aplicado em outras partes do mundo. Nesta foto, crianças numa escola em Gaza. O novo currículo pode vir a ser aplicado em outras partes do mundo. Nesta foto, crianças numa escola em Gaza.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/assets/2018/07/10-07-2018_Summer-fun-weeks-UNRWA_02.jpg/image560x340cropped.jpg)
Os países de baixa e média rendas abrigam 89% dos refugiados, mas não têm recursos para lidar com a situação. O pedido aos doadores é que aumentem ao triplo suas despesas com a educação de refugiados e garantam apoio de longo prazo.
A proporção de estudantes com um passado de migrantes em países de alta renda aumentou de 15% para 18% entre 2005 e 2017. Agora em número de 36 milhões, eles correspondem a toda a população em idade escolar na Europa.
Na União Europeia, o dobro de jovens nascidos no exterior abandonou a escola mais cedo do que os cidadãos do país durante o ano passado.