FAO chama a atenção para riscos de produtos antimicrobianos na agropecuária
ODS
Especialista da FAO diz que uso inadequado desses produtos traz riscos para saúde humana e de animais; agência da ONU acredita que setor agropecuário pode contribuir mais para Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, mas que escolhas importantes precisam ser feitas.
Um estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, FAO, destaca as contribuições da agropecuária, especialmente para os milhares de pessoas pobres e pequenos produtores em países em desenvolvimento.
Atualmente, de acordo com a agência, o setor emprega pelo menos 1.3 bilhão de pessoas no mundo. Cerca de 600 milhões membros das famílias mais necessitadas têm a produção animal como uma fonte de renda essencial.
Produtos Antimicrobianos
O relatório enfatiza também a necessidade de eliminar o uso impróprio de antimicrobianos na criação de animais.
Falando à ONU News, de Roma, a consultora especialista em produção pecuária da FAO, Juliana Lopes, defendeu que o uso adequado destes remédios deve fazer parte das políticas de saúde animal de cada país.
“O uso inadequado de antibióticos traz riscos tanto para a saúde dos animais quanto para a saúde humana devido à resistência antimicrobiana e isso no futuro pode geral tantos problemas de saúde quanto problemas de econômicos para toda a população.”
Crescimento
O relatório “Pecuária no Mundo: Transformando o Setor Pecuário através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” destaca que é preciso mudanças em políticas e práticas para otimizar as contribuições do setor.
O documento cita as medidas necessárias para capacitar os produtores de pequena escala garantindo que estes sejam os principais atores e beneficiários do crescimento contínuo da agropecuária.
Produtos Antimicrobianos
O estudo explica que até o momento, o debate em torno do setor pecuário tem focado em como produzir mais para satisfazer as grandes demandas por produtos animais e alimentar uma população global em crescimento.
Ao mesmo tempo se discute como reduzir os efeitos negativos no meio ambiente. O relatório cita uma pesquisa realizada na América do Sul, que indica que entre 1990 e 2005, 70% da deflorestação em países na região foi ligada ao aumento na demanda por pasto.
No Brasil, por exemplo, 80% da deflorestação no período foi associada com a conversão de florestas em pastagens.
ODSs
A FAO considera o atual debate válido, mas defende uma estratégia mais ambiciosa e abrangente. Juliana Lopes explicou que o estudo recomenda realinhar o setor pecuário para que este possa apoiar melhor o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.
“Esse relatório fez uma análise de como a pecuária está ligada a cada um dos objetivos de desenvolvimento sustentável, e a pecuária está sim ligada tanto de forma direta como indireta com cada um deles. Por isso, devemos olhar para a pecuária de uma forma mais integrada. Essa abordagem integrada deve ser traduzida em políticas que sejam adaptadas às circunstâncias locais, afim de guiar o desenvolvimento econômico e atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
Produção Agropecuária
O estudo observa que até mesmo as sociedades mais modernas continuam criticamente dependentes de produtos animais para a segurança alimentar e nutricional.
A FAO indica que a produção agropecuária representa 40% da produção agrícola nos países desenvolvidos e 20% no país em desenvolvimento.
Para o diretor-geral da FAO, o setor pecuário “pode ter um papel fundamental na melhora da vida de milhões de pessoas”, fornecendo comida, empregos, resiliência e oportunidades econômicas. Mas José Graziano da Silva diz que “antes que isso possa ocorrer, é preciso abordar uma série de interações complexas.”
Mercados
Entre elas, está a o fato de a “promoção de um setor mais competitivo por meio de níveis mais altos de concentração de mercado provavelmente prejudique a capacidade dos pequenos produtores de participar dos mercados."
A FAO prevê que em 2030 a produção de carne no mundo seja 19% maior do que o período entre 2015 e 2017. Os grandes produtores, Brasil, China, União Europeia e Estados Unidos devem continuar a dominar o setor, mas se espera que os países em desenvolvimento sejam responsáveis por quase metade deste crescimento.