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Perdas econômicas causadas por desastres naturais climáticos aumentam 151% BR

Equipa de resgate em Sulawesi, na Indonésia, onde aconteceu um terremoto em setembro de 2018.
Agência Nacional para Gestão de Desastres, na Indonésia.
Equipa de resgate em Sulawesi, na Indonésia, onde aconteceu um terremoto em setembro de 2018.

Perdas econômicas causadas por desastres naturais climáticos aumentam 151%

Clima e Meio Ambiente

Novo relatório diz que maiores perdas foram registradas nos Estados Unidos, China e Japão; terremotos e tsunamis causam maior número de mortos; países de rendas média e baixa são afetados de forma desproporcional.

As perdas econômicas causadas por desastres relacionados com o clima subiram 151% nos últimos 20 anos. A informação consta de um relatório publicado esta quarta-feira pelo Escritório das Nações Unidas para Redução dos Riscos de Desastres.

As perdas causadas pelo clima aumentam em valor total e em importância em relação aos outros desastres
As perdas causadas pelo clima aumentam em valor total e em importância em relação aos outros desastres, by Foto: UNICEF/UN0240792/Wilander

Entre 1998 e 2017, os países afetados por desastres naturais tiveram perdas econômicas de US$ 2,908 bilhões. Nas duas décadas anteriores, entre 1978 e 1997, as perdas tinham sido menos de metade, US$ 1,313 trilhão.

Clima

As perdas causadas pelo clima aumentam em valor total e em importância em relação aos outros desastres. Os prejuízos das últimas duas décadas representaram US$ 2,245 bilhões, 77% do total. Entre 1978 a 1997, o valor era de US$ 895 bilhões, ou 68% do total.

Em termos do número de acidentes, também dominam, representando 91% de todos os 7.255 grandes eventos registrados entre 1998 e 2017. Os desastres mais frequentes são inundações, com 43,4%, e tempestades, com 28,2%. 

As maiores perdas econômicas ocorreram nos Estados Unidos, e a seguir na China, no Japão, na Índia e em Porto Rico. Seguem-se três países europeus, Reino Unido, Alemanha e Itália. Tailândia e México completam a lista dos 10 países mais afetados.

Perdas humanas

Durante esse período, 1,3 milhão de pessoas perderam a vida e cerca de 4,4 bilhões ficaram feridas, sem abrigo, deslocadas ou precisaram de ajuda de emergência.

Com 563 terremotos e tsunamis e 747.234 vidas perdidas, estes desastres causaram o maior número de mortos, 56% do total.

A representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Redução de Desastres, Mami Mizutori, disse que “muito precisa ser feito para lidar com o alto número de mortes em zonas sísmicas”.

Segundo ela, “a morte e o sofrimento causados ​​pelo terremoto e tsunami deste mês na Indonésia trazem à tona a necessidade de informar o público e aplicar altos padrões de construção em zonas sísmicas”.

Muitas famílias na República Dominicana perderam tudo após o furacão que atingiu a ilha em 2017.
Unicef/Manuel Moreno
Muitas famílias na República Dominicana perderam tudo após o furacão que atingiu a ilha em 2017.

Rendimento

Outro destaque é o impacto desproporcional em países de baixa e média renda. Em termos de perdas anuais em relação ao Produto Interno Bruto, PIB, apenas um território de alta renda ficou entre os 10 países com maiores custos, Porto Rico.

Outras nações são Haiti, Honduras, Cuba, El Salvador, Nicarágua, Geórgia,  Mongólia, Tajiquistão e  Coreia do Norte.

Mizutori acredita que “as perdas econômicas decorrentes de eventos climáticos extremos são insustentáveis ​​e um grande travão na erradicação da pobreza.”

Emissões

O relatório usa a base de dados do Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia dos Desastres, Cred, na sigla em inglês, da Bélgica. A chefe do centro, Debarati Guha-Sapir, acredita que a pesquisa “destaca a lacuna de proteção entre ricos e pobres”.

A especialista explicou que “aqueles que estão sofrendo mais com a mudança climática são os que estão contribuindo menos para as emissões de gases do efeito estufa.”

Guha-Sapir disse que “as perdas econômicas sofridas pelos países de renda baixa e média-baixa têm consequências drásticas para o seu desenvolvimento futuro.”

Segundo esta responsável, pessoas em países de baixa renda são seis vezes mais propensas a perder todos os seus bens ou sofrer danos em um desastre do que pessoas em países de alta renda.