Especialistas da ONU exigem investigação a desaparecimento de jornalista saudita
Jamal Khashoggi entrou no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, há uma semana; relatores estão preocupados com possibilidade do desaparecimento estar “diretamente ligado às suas críticas às políticas sauditas nos últimos anos".
O Escritório de Direitos Humanos da ONU expressou séria preocupação com o "aparente desaparecimento forçado" do jornalista saudita Jamal Khashoggi na semana passada. O escritório pediu que os dois países investiguem o caso.
Khashoggi está desaparecido desde que entrou no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, em 2 de outubro de 2018. O repórter não foi visto desde esse dia.
Investigação

Falando a jornalistas em Genebra, na Suíça, a porta-voz do Escritório, Ravina Shamdasani, disse que "se os relatos da sua morte e as circunstâncias extraordinárias que levaram a isso forem verdadeiras, é realmente chocante".
Em nota publicada esta terça-feira, um grupo de três especialistas da ONU pediu uma investigação rápida, independente e internacional sobre o caso.
A nota é assinada pelo relator principal do Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários, Bernard Duhaime, o relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, David Kaye, e o relator especial da ONU sobre execuções sumárias, Agnes Callamard.
Direitos
Os três responsáveis disseram que estão "profundamente preocupados com o desaparecimento de Khashoggi e com as alegações de homicídio patrocinado pelo Estado".
Segundo eles, “uma investigação internacional independente deve ser imediatamente lançada” e “os responsáveis, autores e mentores devem ser identificados e levados à justiça.” Os relatores pediram às autoridades sauditas e turcas que cooperem totalmente para resolver o caso.
Duhaime, Kaye e Callamard disseram estar preocupados com a possibilidade do desaparecimento do jornalista estar “diretamente ligado às suas críticas às políticas sauditas nos últimos anos”.
Os especialistas também reiteraram “apelos às autoridades sauditas para abrir espaço para o exercício dos direitos fundamentais, incluindo o direito à vida e à expressão e dissensão.”

Bulgária
Na segunda-feira, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, Unesco, Audrey Azoulay, condenou o brutal assassinato de Victoria Marinova, uma jornalista da Bulgária.
O corpo da repórter foi encontrado em 6 de outubro na cidade búlgara de Ruse, com sinais de tortura e abuso sexual.
Em nota, Azoulay disse que "o uso de abuso sexual e físico para silenciar uma jornalista mulher é um ultraje contra a dignidade e os direitos humanos básicos de toda mulher.
A chefe da Unesco pediu às autoridades que realizem uma investigação exaustiva do crime e levem os seus responsáveis à justiça.
Azoulay afirmou "estar profundamente preocupada com a crescente proporção de mulheres entre o pessoal da mídia que está sendo atacado."
Em 2017, a Unesco registrou o maior número de mulheres jornalistas assassinadas desde 2006. A porcentagem de mulheres profissionais de mídia mortas em 2012 aumentou para 14% desde 2012. Em 2017, quatro dos sete jornalistas mortos na Europa eram mulheres.