América Latina e Ásia tiveram maior número de jornalistas assassinados este ano
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, condenou as 59 mortes de profissionais da imprensa, dois a mais que em 2019; na última década, 888 jornalistas perderam a vida somente pelo trabalho de informar.
A Unesco repudiou os assassinatos de jornalistas em todo o mundo. Somente este ano, 59 profissionais perderam a vida. As regiões da América Latina e Caribe e da Ásia-Pacífico foram responsáveis pela maioria dos crimes com 22 mortes cada.
Dentre as vítimas estão quatro mulheres.
Democracias
Em segundo lugar aparecem os países árabes, onde nove jornalistas perderam a vida. Na África, foram seis mortes este ano.
Segundo a Unesco, 2020 registrou dois assassinatos a mais que no ano passado. Em 2018, 99 profissionais foram mortos num dos anos mais fatais da última década, na qual foram notificados 888 assassinatos.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Auzolay, disse que todos puderam ver a forma sem precedentes da relevância do jornalismo para as democracias e a proteção dos direitos humanos.
Ao mesmo tempo, a pandemia afetou a liberdade de imprensa em todo o mundo. Para ela, a proteção do jornalismo é a proteção da verdade.
Padrões de assassinatos
No relatório da Unesco sobre Segurança de Jornalistas e o Risco da Impunidade, divulgado em 2 de novembro, é possível detectar os padrões de assassinatos dos profissionais do setor nos últimos dois anos.
Em média, na última década, um jornalista foi morto a cada quatro dias no mundo. O documento mostra ainda que a impunidade continua prevalecendo.

As condições de trabalho dos profissionais são motivo de preocupação. Os casos de assédio seguem aumentando e ataques não-letais.
Este ano, jornalistas que trabalharam informando sobre protestos como “Vidas Negras Importam” ou outras demonstrações enfrentaram riscos e perigos.
Entre janeiro e junho deste ano, os profissionais foram atacados em 125 protestos em 65 países.
Covid-19 e perseguições
A Unesco também está preocupada com a segurança das mulheres, alvo de ataques na internet, e que são baseados também em violência de gênero.
Para compreender melhor o problema, a agência da ONU lançou uma pesquisa global com o Centro Internacional para Jornalistas, Icfj na sigla em inglês.

Dados preliminares indicam que 73% das jornalistas, que responderam, afirmaram ter sofrido violência na internet por causa do trabalho. E 20% disseram que o assédio online se transformou em ataques e abusos fora da internet.
A pandemia da Covid-19 só piorou os desafios para os profissionais da mídia este ano. Com a perda de anúncios, muitos veículos estão ameaçados agravando o já precário ambiente de trabalho no setor.
Em muitos países, legislações e medidas de emergência contra a pandemia serviram de álibi para restringir a liberdade de imprensa e expressão.
Muitos jornalistas foram perseguidos ao exporem as falhas das autoridades na resposta à crise da Covid-19.
