Iémen: “Uma tragédia sem precedentes”
Durante evento de alto nível na sede da ONU funcionários humanitários e doadores trocaram opiniões sobre o conflito; comunidade internacional avalia o que tem de ser feito para ajudar o país; 12 milhões de pessoas estão em risco de morrer à fome.
“Uma tragédia de proporções sem precedentes”, foi como a coordenadora humanitária da ONU, Lise Grande, começou o debate sobre o Iémen, adiantando ainda que “não há outro lugar no mundo onde as pessoas estejam a sofrer tanto”.
A dimensão da crise no Iémen, que vai já no seu quarto ano, tem sido repetidamente relatada: três quartos da população precisam de algum tipo de assistência básica para sobreviver. O país tem mais de 2 milhões de deslocados internos e 16 milhões de pessoas precisam de ajuda médica.
Refeição
A coordenadora humanitária explicou que “uma criança morre a cada 10 minutos por causa do conflito, 70 % das meninas casam antes dos 18 anos, 8,3 milhões de pessoas não fazem ideia de onde virá a próxima refeição. Um em cada quatro iemenitas está desnutrido”
Ela também destacou que a moeda do país já desvalorizou 300%, e adianta que “se a depreciação continuar, acreditamos que 12 milhões de pessoas estarão em risco de morrer à fome".
Resposta humanitária
Lise Grande enfatizou que mais de 150 organizações de ajuda humanitária operam no Iémen, mas o número de pessoas “em termos absolutos é uma percentagem maior da população do que em qualquer outra resposta humanitária no mundo.”
Segundo a funcionária humanitária, todos os meses, 8 milhões de iemenitas recebem assistência alimentar. Cerca de 1,7 milhão de crianças e mulheres grávidas ou lactantes recebem apoio nutricional e foi evitado um terceiro surto de cólera.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, lembrou que 11 milhões de pessoas foram assistidas com serviços de saúde vitais, incluindo vacinação contra cólera, difteria e poliomielite.
Veja neste vídeo da Ocha, em inglês, a assitência humantária que tem sido prestada pela comunidade internacional.
Prioridades
Perante o cenário atual, a coordenadora da ONU listou três prioridades para as organizações humanitárias no terreno: reduzir a fome e reverter a desnutrição; prevenir um outro surto de cólera; e proteger civis a qualquer custo.
Ela também forneceu à comunidade internacional uma lista de requisitos. A principal exigência passa pelo fim do conflito, explicando que “os humanitários não podem resolver o conflito no Iêmen, apenas os políticos podem".
Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, organizador do evento, a ação humanitária tem-se deparado com muitas barreiras tais como restrições de movimento, tentativa de interferência e assédio e colapso dos serviços básicos de saúde, educação, água e saneamento.
Ao encerrar o evento, o Reino Unido, o Canadá, o Kuwait, os EUA e a Dinamarca garantiram continuar a apoiar a resposta internacional à crise no Iémen.