Progresso no desenvolvimento humano marcado por "grandes desigualdades"

Maioria dos Estados lusófonos desce no ranking; pessoas em países com desenvolvimento humano muito alto podem esperar viver mais 19 anos e passar mais sete anos na escola do que pessoas que vivem em países com baixo desenvolvimento humano .
Noruega, Suíça, Austrália, Irlanda e Alemanha lideram o Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, publicado esta sexta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.
Entre os países de língua portuguesa, apenas dois melhoraram a sua posição, um manteve e seis desceram.
Portugal é o único na categoria de desenvolvimento humano muito alto, na posição 41, tendo subido um lugar. Segue-se o Brasil, com desenvolvimento alto, mantendo-se na posição 79.
Na categoria de desenvolvimento médio, Cabo Verde caiu uma posição, estando agora no lugar 125. Timor-Leste desce da posição 130 para 132, assim como Guiné Equatorial, que passa de 139 para 141. Segue-se São Tomé e Príncipe, que sobe de 144 para 143, e Angola, que desce dois lugares, de 145 para 147.
Na categoria de desenvolvimento humano baixo, a Guiné Bissau baixou da posição 175 para 177. Moçambique baixa um lugar, de 179 para 180.
Na Noruega, o país que lidera o ranking, uma criança pode esperar viver 82 anos e estudar 18 anos. Uma criança no Níger tem uma esperança média de vida de 60 anos e estuda apenas cinco anos.
O administrador do Pnud, Achim Steiner, disse que “estas estatísticas pintam um retrato forte, mas também mostram a tragédia de milhões de indivíduos cujas vidas são afetadas pela desigualdade e oportunidades perdidas”.
Uma das conclusões do relatório é que, quanto maior a desigualdade, mais cai a posição de um país no IDH. A pesquisa informa que o problema está presente em muitos países, incluindo os mais ricos, mas tem maiores consequências quando o desenvolvimento humano é baixo.
Segundo a análise, os países de desenvolvimento médio e baixo perdem 31 e 25% do seu desenvolvimento devido à desigualdade. Nos países de desenvolvimento muito alto, a perda média é de 11%.
O diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud, Selim Jahan, acredita que “há espaço para otimismo porque as diferenças estão mais pequenas, mas as disparidades de bem-estar ainda são inaceitáveis”.
A tendência global é de melhoria. Em 2017, 59 países estavam na categoria de desenvolvimento muito alto e 38 estavam na classe de desenvolvimento baixo. Há oito anos, existiam apenas 46 Estados na classe mais alta e 49 no grupo mais baixo.
A nível mundial, a Irlanda teve o melhor resultado, tendo subido 13 lugares nos últimos cinco anos. Turquia, República Dominicana e Botswana subiram oito lugares.
Por outro lado, países em conflito tiveram as maiores descidas. Síria teve o pior comportamento, caindo 27 lugares, seguida da Líbia, 26, e do Iêmen, 20.
Níger, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Chade e Burundi estão nos últimos lugares.
O IDH é calculado com base em indicadores de saúde, educação e rendimento.
O setor da saúde teve grandes melhorias. Desde 1990, a esperança média de vida aumentou quase sete anos no mundo, com a África Subsaariana e o sul da Ásia apresentando o maior progresso. Quanto à educação, as crianças de hoje estudam mais 3,4 anos do que em 1990.
Em todo o mundo, o IDH subiu 22% desde 1990 e 51% nos países menos desenvolvidos. As pessoas vivem mais tempo, estudam mais e têm mais rendimento, mas continuam a existir grandes desigualdades.
O relatório também destaca diferenças entre homens e mulheres. Em todo o mundo, a média de IDH para as mulheres é 6% mais baixa do que para os homens, devido a baixos salários e níveis de educação.
A participação no mercado de trabalho é 49%, contra 75% dos homens. Quando estão ativas, a sua taxa de desemprego é 24% mais alta.
A nível de representação política, a participação feminina nos parlamentos nacionais vai de 17,5% e 18% no Sul Asiático e Estados Árabes para 29% na América Latina e Caribe.
Violência, gravidez na adolescência e casamento infantil são outros problemas, com 29% das mulheres do Sul da Ásia entre os 20 e os 24 anos casadas antes dos 18 anos. Na África Subsaariana, em cada mil partos 101 são de adolescentes, mais do dobro da média mundial.
A gravidez na adolescência e o mau acesso a cuidados maternos resulta numa taxa de mortalidade alta em muitos países. A este respeito, os autores do relatório destacam Cabo Verde. Na África subsaariana, 549 em cada 100 mil partos resultam na morte da mãe, mas o país lusófono tem uma taxa muito inferior, cerca de 42 mortes.