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ONU pede fim da violência que já causou 280 mortos na Nicarágua

Os protestos já duram há três meses.
Artículo 66
Os protestos já duram há três meses.

ONU pede fim da violência que já causou 280 mortos na Nicarágua

Direitos humanos

Confrontos começaram há três meses e provocaram 1.830 feridos; Escritório de Direitos Humanos diz que várias violações são cometidas, incluindo assassinatos extrajudiciais, tortura e detenções arbitrárias.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas pediu ao governo da Nicarágua que termine com a violência que já causou 280 mortos e 1.830 feridos.

Na quarta-feira, marcam-se três meses do início das manifestações, que começaram criticando a reforma do sistema de pensões e se tornaram um protesto contra o presidente Daniel Ortega.

Obrigação

A porta-voz do Escritório, Liz Throssell, disse à ONU News, de Genebra, que o governo do país tem a obrigação de proteger seus cidadãos.

“Esta perda de vidas precisa terminar agora. O Estado da Nicarágua, que tem as obrigações de direito internacional de proteger o direito à vida e segurança da sua população, precisa dar os passos necessários para acabar com esta crise e encontrar uma solução pacífica”.

Porta-voz do Escritório dos Direitos Humanos, Liz Throssel.
Porta-voz do Escritório dos Direitos Humanos, Liz Throssell., by ONU/Violaine Martin

O Escritório afirma que quase toda a violência tem sido causada pelo Estado e elementos pró-governo. A porta-voz informou ainda que funcionários do Escritório no país acompanham várias violações de direitos humanos.

“Esta violência é ainda mais terrível porque elementos armados, leais ao governo, operam com o apoio ativo ou tácito da polícia e outras autoridades do Estado. Os nossos funcionários no terreno testemunham uma grande variedade de violações de direitos humanos sendo cometidas, incluindo assassinatos extrajudiciais, tortura, detenções arbitrárias e negar o direito à liberdade de expressão”.

Responsabilidade

O Escritório da ONU diz que forças do governo removem, usando força, barreiras colocadas por manifestantes. Também citou campanhas de difamação, incitação a violência e um clima de ausência de lei. No fim de semana passado, morreram 12 pessoas.

O Escritório diz estar “extremamente preocupado” com o desaparecimento de dois defensores de direitos humanos, Medardo Maireno e Pedro Mena, e afirma notar “uma prática perturbadora de defensores de direitos humanos sendo criminalizados”.

O Escritório acredita que o Dia da Libertação, marcado este 19 de julho, quinta-feira, pode ser marcado por um aumento da violência no país.

Secretário-geral

O secretário-geral da ONU também mencionou a situação no país, dizendo que “é absolutamente essencial que se cesse de imediato a violência e se revitalize o diálogo político, porque apenas uma solução política é aceitável”.

Durante a sua visita à Costa Rica, António Guterres afirmou que a proteção dos cidadãos é uma responsabilidade essencial do Estado, e “esse princípio básico não pode ser esquecido, sobretudo quando temos um número de mortos absolutamente chocante”.

 

Apresentação: Alexandre Soares