Violência no sul da Síria matou mais de 50 e deslocou 66 mil desde meados de junho
Conselheiro sênior da ONU diz que já aconteceram mais ataques a hospitais do que em qualquer outra guerra do nosso tempo; comboios com ajuda humanitária foram adiados devido a confrontos.
Pelo menos 66 mil pessoas já tiveram de sair das suas casas desde o começo dos novos confrontos no sul da Síria há mais de uma semana, sobretudo na província de Daraa.
Segundo as agências humanitárias da ONU, muitos destes moradores saíram em direção à fronteira com a Jordânia e estão agora presos numa área do deserto com pouco acesso à ajuda humanitária.
Vítimas
Falando aos jornalistas em Genebra, na Suíça, o conselheiro sênior da ONU, Jan Egeland, explicou que esta situação “é de partir o coração”, porque “estas pessoas viviam numa zona segura até há poucos dias”.
Este mês, o governo sírio lançou uma ofensiva militar para tentar retomar algumas áreas controladas pela oposição.
Cerca de 13 mil pessoas fugiram para a província de Quneitra e centenas procuraram refúgio em áreas controladas pelo governo na província de As-Sweida.
Segundo Egeland, o número de deslocados internos deve aumentar à medida que as hostilidades continuam. Em Daraa vivem cerca de 750 mil pessoas.
Pelo menos 29 civis foram mortos em ataques terrestres e aéreos na quarta-feira. Desde 17 de junho, pelo menos 50 moradores da área perderam a vida.
Ajuda
Desde terça-feira, os comboios com ajuda humanitária foram adiados devido a hostilidades e questões de segurança. A ONU acompanha a situação e a ajuda deve prosseguir assim que a situação de segurança o permitir.
Egeland diz que uma das áreas de “preocupação extrema” é Idlib, no norte do país, que abriga meio milhão de deslocados.
Segundo ele, “é cada vez mais difícil entregar ajuda” nesta cidade, devido ao número de pessoas, aos ataques e à falta de colaboração dos grupos de oposição, que já raptaram funcionários médicos.
Egeland disse que os ataques a centros de saúde são “uma horrível catástrofe dentro daquela que é a pior guerra desta geração”.
Desde o princípio do conflito, já aconteceram mais de 700 ataques a centros de saúde. O conselheiro sênior afirma que “são mais ataques do que em qualquer outra guerra do nosso tempo”.
Segundo o porta-voz do secretário-geral, Stephane Dujarric, a ONU também está alarmada com a violência causada por dois carros com explosivos em Afrin, que supostamente mataram 11 pessoas e feriram 23.
Apresentação: Alexandre Soares