Dia para Eliminação da Violência Sexual em Conflito lembra vítimas infantis
António Guterres disse que mães e filhos são vítimas de estigma décadas depois de os conflitos terminarem; ONU avisa que questão está ausente do quadro internacional dos direitos humanos.
O Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexual em Conflito, marcado esta terça-feira, lembra este ano a condição e direitos das crianças nascidas em conflitos.
Numa mensagem, o secretário-geral disse que o Dia serve para “ampliar as vozes destas vítimas esquecidas da guerra”.
Estigma
Segundo Guterres, “as mães podem ser marginalizadas e afastadas pelas suas próprias famílias e comunidades”. Quanto às crianças, o chefe da ONU afirma que “lidam com questões de identidade e pertença, décadas depois de as armas se calarem”.
A ONU diz que os efeitos da violência sexual em conflito atravessam gerações, causando trauma, estigma, pobreza, problemas de saúde e gravidezes indesejadas.
As crianças que resultam destes abusos são por vezes chamadas de “sangue mau” ou “crianças do inimigo” e afastadas do grupo social das suas mães.

Consequências
Segundo a ONU, outro problema é o aborto inseguro, que continua a ser uma das principais causas de mortalidade materna em lugares afetados por conflitos
Além disso, essas mulheres e os seus filhos são vistos como “afiliados” e não como vítimas dos grupos extremistas. Isso torna as criancas suscetíveis ao recrutamento, à radicalização, ao tráfico e à exploração.
Apesar disso, a ONU diz que “a questão das crianças nascidas da guerra tem estado ausente tanto do quadro internacional dos direitos humanos como dos discursos sobre paz e segurança”.
Devido a estes problemas, a ONU diz que “o apoio à reintegração socioeconómica, destinado a aliviar o estigma e a reparar o tecido social, deve estar presente em todos os esforços de reconstrução e recuperação pós-conflito”.
Debate
Esta terça-feira, um painel de discussão sobre o tema ocorre na sede da ONU.
O evento vai debater como as lições da história podem ser aplicadas às sociedades atuais e como se podem recrutar líderes religiosos e tradicionais para ajudar a mudar as normas sociais sobre estes temas.
Apresentação: Alexandre Soares