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Dia para Eliminação da Violência Sexual em Conflito lembra vítimas infantis

Cerca de 40 mil refugiadas rohingya estão gravidas, um número significativo foi vitima de violência sexual.
Unicef/Brian Sokol
Cerca de 40 mil refugiadas rohingya estão gravidas, um número significativo foi vitima de violência sexual.

Dia para Eliminação da Violência Sexual em Conflito lembra vítimas infantis

Direitos humanos

António Guterres disse que mães e filhos são vítimas de estigma décadas depois de os conflitos terminarem; ONU avisa que questão está ausente do quadro internacional dos direitos humanos.

O Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexual em Conflito, marcado esta terça-feira, lembra este ano a condição e direitos das crianças nascidas em conflitos.

Numa mensagem, o secretário-geral disse que o Dia serve para “ampliar as vozes destas vítimas esquecidas da guerra”.

Estigma

Segundo Guterres, “as mães podem ser marginalizadas e afastadas pelas suas próprias famílias e comunidades”. Quanto às crianças, o chefe da ONU afirma que “lidam com questões de identidade e pertença, décadas depois de as armas se calarem”.

A ONU diz que os efeitos da violência sexual em conflito atravessam gerações, causando trauma, estigma, pobreza, problemas de saúde e gravidezes indesejadas.

As crianças que resultam destes abusos são por vezes chamadas de “sangue mau” ou “crianças do inimigo” e afastadas do grupo social das suas mães.

Guterres disse que as consequências desta violência duram décadas.
ONU/Manuel Elias
Guterres disse que as consequências desta violência duram décadas.

Consequências

Segundo a ONU, outro problema é o aborto inseguro, que continua a ser uma das principais causas de mortalidade materna em lugares afetados por conflitos

Além disso, essas mulheres e os seus filhos são vistos como “afiliados” e não como vítimas dos grupos extremistas. Isso torna as criancas suscetíveis ao recrutamento, à radicalização, ao tráfico e à exploração.

Apesar disso, a ONU diz que “a questão das crianças nascidas da guerra tem estado ausente tanto do quadro internacional dos direitos humanos como dos discursos sobre paz e segurança”.

Devido a estes problemas, a ONU diz que “o apoio à reintegração socioeconómica, destinado a aliviar o estigma e a reparar o tecido social, deve estar presente em todos os esforços de reconstrução e recuperação pós-conflito”.

Debate

Esta terça-feira, um painel de discussão sobre o tema ocorre na sede da ONU.

O evento vai debater como as lições da história podem ser aplicadas às sociedades atuais e como se podem recrutar líderes religiosos e tradicionais para ajudar a mudar as normas sociais sobre estes temas.  

 

Apresentação: Alexandre Soares