Conselho de Segurança não adota três resoluções sobre armas químicas na Síria
Orgão da ONU debateu investigação sobre alegado ataque químico ocorrido no sábado na cidade de Duma; Secretário-geral tinha pedido união do conselho sobre o tema.
Três resoluções sobre o alegado ataque químico que aconteceu em Duma, na Síria, no último sábado, não foram aprovadas esta terça-feira pelo Conselho de Segurança.
Uma das resoluções foi apresentada pelos Estados Unidos, com o apoio da França, Reino Unido, Holanda, Peru, Polónia, Suécia e Turquia. Os outros dois documentos foram propostos pela Rússia.
Votações
O conselho votou primeiro na resolução proposta pelos Estados Unidos, que pretendia criar um novo mecanismo independente para investigar o ataque e apurar responsabilidades.
O texto teve 12 votos a favor. A Bolívia votou contra, junto com a Rússia, que tem poder de veto. A China absteve-se.
A segunda resolução, da Rússia, também pedia uma investigação sobre o caso, mas pedia que o resultado fosse apresentado ao Conselho de Segurança, que deveria decidir sobre o responsável.
Esta proposta teve apenas seis votos favoráveis. Sete Estados-membros votaram contra, incluindo os Estados Unidos. Dois países abstiveram-se.
O objetivo das duas resoluções era criar um substituto para o Mecanismo de Investigação Conjunto ONU e Organização para a Proibição de Armas Químicas, Opaq, na Síria. O mandato deste mecanismo expirou em novembro do ano passado e o Conselho de Segurança não aprovou a sua renovação.
Um terceiro texto, proposto também pela Rússia, pedia que fosse enviada uma missão da Opaq para o terreno.
O texto também não reuniu apoio suficiente, tendo cinco países votado contra, quatro a favor, e seis abstendo-se.
Ataque
A ONU recebeu relatos de que pelo menos 49 pessoas morreram e centenas foram feridas durante o ataque de sábado, segundo o secretário-geral assistente do Escritório para Assuntos de Desarmamento, Thomas Markram.
![O ataque ocorreu em Duma, em Ghouta Oriental. O ataque ocorreu em Duma, em Ghouta Oriental.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/assets/2018/03/UN0162760.JPG/image1170x530cropped.jpg)
Na segunda-feira, o diretor da Opaq, Ahmet Üzümcü, informou que os seus investigadores vão viajar para o local e recolher informações para decidir se foram usadas armas químicas.
Condenação
Na segunda-feira, António Guterres afirmou que está indignado com os relatos do uso de armas químicas e condenou, fortemente, o ataque aos civis.
Para Guterres, “qualquer confirmação da utilização dessas armas, por qualquer parte do conflito ou circunstância, representa uma violação clara da lei internacional."
O chefe da ONU disse também que o uso destas armas é “repugnante” e pediu que o Conselho de Segurança se unisse sobre o tema.
Apresentação: Alexandre Soares